
Curitiba é uma das capitais brasileiras mais simpáticas para o bolso de seus moradores. Itens básicos e supérfluos podem ser encontrados por preços mais baratos do que em cidades com porte e renda média semelhantes. O metro quadrado dos apartamentos em áreas mais valorizadas também custa menos do que em outras capitais. Nos últimos meses, a escalada de preços na capital curitibana dava sinais de que ia provocar uma mudança no perfil barateiro da cidade. Mas a crise econômica mundial tende a diminuir essa pressão inflacionária.
A cesta básica de Curitiba tem um dos valores mais altos: R$ 228, o segundo maior entre 17 capitais pesquisadas. No entanto, observando com mais detalhe os itens que compõem a alimentação básica, vê-se que os preços dos produtos estão, em geral, abaixo da média nacional. Dos 13 produtos que fazem parte da cesta, 8 deles são mais baratos em Curitiba. Mas, como os itens mais caros carne, feijão e tomate são aqueles que têm grande participação na alimentação familiar, a cesta curitibana figura como uma das mais caras do país.
Em setembro, pelo quarto ano seguido, a entidade de defesa do consumidor Pro Teste divulgou a pesquisa Guia de Preços, que mostra os supermercados mais baratos de 13 cidades brasileiras. Curitiba também foi destaque positivo nos preços ao consumidor. Em uma cesta com cem produtos de marcas reconhecidas, de 15 categorias diferentes, a capital paranaense oferece os melhores preços médios, pelo segundo ano consecutivo. O preço médio mais caro é de Brasília, seguida por Florianópolis. A Pro Teste não revelou os valores gastos com as cestas. Considerando a mesma cesta de produtos, desta vez com base no menor preço, Curitiba aparece como o terceiro melhor lugar para se fazerem compras.
De acordo com economistas, o fator que mais interfere no preço é a concorrência que existe em Curitiba. "Não dá para quantificar o grau de concorrência do mercado curitibano, mas ele é bastante alto", afirma Cid Cordeiro, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese). "Quanto maior a concorrência, menor são os preços. Sempre é assim", completa o diretor-presidente do Estação-Ibmec, Judas Tadeu Grassi Mendes.
De acordo com dados de Associação Paranaense de Supermercados (Apras), o estado tinha 2.675 supermercados em 2007, o equivalente a um para cada 3.883 habitantes. "O Paraná é um dos estados onde há maior competitividade", afirma o presidente da entidade, Everton Muffato. Segundo ele, o número de hipermercados representa bem essa situação: há um para cada 110 mil paranaenses; em São Paulo, por exemplo, a relação é de um para 400 mil pessoas.
Curitiba, ao contrário de outras capitais, não é monopolizada por poucas redes. "No fim dos anos 90 ocorreram muitas aquisições e oportunidades de negócios. Em Santa Catarina, por exemplo, até hoje não houve compra de nenhuma rede local, e a única bandeira multinacional presente no estado tem pouca participação", observa Muffatto. O levantamento da Pro Teste também é revelador: 50% dos supermercados pesquisados em Belo Horizonte são da Epa (rede regional) ou do Carrefour. Em Porto Alegre, Zaffari e Nacional (pertencente ao Wal-Mart) representam 44% dos estabelecimentos vistoriados. Em Salvador, as duas empresas mais visitadas representam 37% do total. Em Curitiba, a concentração é bem menor: os dois estabelecimentos com maior presença na pesquisa representam apenas 25% do total.



