Quem quer fazer negócios em Angola precisa estar preparado para se adaptar a algumas características de um país em reconstrução. Luanda, a capital, foi indicada como a cidade mais cara do mundo para funcionários expatriados pela consultoria ECA International, seguida por Tóquio, no Japão.
O aluguel de um apartamento de porte médio pode chegar a US$ 15 mil por mês. Não é por acaso que as empresas que estão se instalando no país, em especial as petroleiras, compram edifícios inteiros para seus funcionários. A diária em um hotel dos mais simples não sai por menos de US$ 120, preço comparável ao de cidades como São Paulo. Uma cerveja custa no mínimo US$ 5 e uma garrafa de cinco litros de água mineral é vendida por até US$ 15 um item dos mais necessários, já que água tratada de qualidade não chega a todos os bairros. Também é preciso estar pronto para pagar uma "gasosa", pequenos subornos que não são tão desconhecidos pelos brasileiros.
A lentidão no porto em Luanda é outra dificuldade, que só será sanada com a construção de novos terminais. É comum que navios tenham de esperar por três, quatro semanas, antes de atracar. E o custo é alto: mandar um contêiner do Brasil para lá sai por US$ 4,5 mil, contra menos de US$ 1 mil para a China. "A liberação de contêineres também é bem complicada", diz Adílson Rodrigues, gerente de exportações da Moval. Há relatos de contêineres que passaram semanas perdidos no porto.
Quem exporta para Angola diz preferir um sistema de pagamento antecipado: metade antes de enviar a carga e o restante na retirada do porto. Cartas de crédito assinadas por bancos, muito usadas no comércio internacional, têm o risco de serem bloqueadas. "É preciso mais cuidado do que com países europeus, por exemplo, onde a carta de crédito basta", diz Adriano Coldebella, da Paraná Wood Houses.
Executivos que trabalham com parceiros angolanos são unânimes em dizer que os empresários locais só fazem negócios com quem conhecem. "É importante o trabalho de procurar parceiros locais, porque ainda não há uma classe empresarial consolidada em Angola. E o caminho mais fácil para entrar lá é com um representante local", diz Adalberto Schiehll, gestor de projetos da Apex. (GO)



