A inflação do setor hospitalar acelerou acima dos índices oficiais no acumulado dos dois primeiros meses, de acordo com o Índice de Custos Hospitalares (ICH), criado pelo Instituto Superior de Administração e Economia (Isae/FGV) e lançado ontem, em Curitiba. O objetivo do índice é acompanhar o comportamento dos preços do setor no Paraná.
A primeira parcial do índice mostrou uma elevação de 0,29%, na comparação entre maio e junho. No mesmo período, o IGP-M apresentou queda de 0,18% e o IPCA índice usado pelo Banco Central para cumprimento das metas de inflação , alta de 0,16%.
O resultado, entretanto, traz um efeito da sazonalidade específica do setor. "A data-base das principais categorias é no mês de maio, mas, como alguns hospitais entraram em greve, o efeito sobre a folha só apareceu em junho", pondera o professor de Macroeconomia do Isae/FVG Robson Ribeiro Gonçalves, responsável pelo desenvolvimento do índice.
Na passagem de junho para julho, o índice desacelerou, com queda de 0,06%, também por conta dos efeitos sazonais, que incluem a alta base de comparação do mês anterior e a queda nos preços dos alimentos, que têm peso importante na composição dos custos dos hospitais. Nesse período, o IGP-M teve queda de 0,12% e o IPCA subiu 0,16%. "Isso ainda é apenas um recorte. Como qualquer outro setor, os hospitais têm componentes sazonais que vão sendo descobertos no decorrer do trabalho", avalia.
O Paraná é o primeiro estado a contar com um índice específico para o segmento hospitalar. O ICH vai acompanhar mensalmente a variação dos preços de 51 itens no universo de pesquisa em até 200 hospitais do estado, envolvendo estabelecimentos públicos, privados, filantrópicos e Santas Casas. "Representantes de outros estados ficaram impressionados com o trabalho feito no Paraná, que conseguiu agregar todos os agentes do setor. A continuidade dessa iniciativa aumenta o poder de negociação dos hospitais frente aos órgãos reguladores e aos próprios planos de saúde", finaliza o professor.



