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Telefonia IP

DDD ou DDI? A saída é pelo VoIP

Tráfego de voz pela internet derruba custos com ligação e muda o conceito de telefone fixo

Você passa a mão no telefone e resolve – por que não? – bater um longo papo com aquele amigo que mora em Berlim. Conversa com a mãe que vive em São Paulo e, de quebra, aproveita para falar com o filho que estuda nos Estados Unidos. Tudo no mesmo dia, uma ligação atrás da outra, porque a saudade é grande. Em tempos de telefonia convencional, um "périplo" como esse seria considerado, no mínimo, uma extravagância econômica. Em tempo de ligações via internet, é algo banal. Pudera: os custos são muito menores (em alguns casos, praticamente inexistentes) e a qualidade de recepção deixa cada vez menos a desejar.

O fotógrafo Rafael Dabul trocou a telefonia convencional pelo VoIP para ligações internacionais há cerca de um ano e meio. Ele adotou o Skype, programa que pode ser baixado gratuitamente na internet. Em sua modalidade mais popular – para chamadas feitas entre computadores que têm o programa instalado – o valor da ligação se limita ao custo do tempo de uso da internet.

"Eu fico muito tempo na frente do computador e tenho amigos e contatos profissionais em outros países que fazem o mesmo. Quando preciso falar, uso o programa de mensagens instantâneas de texto ou o VoIP. Em alguns casos, uso os dois. Além de mais barato, é mais prático", explica.

Nas ligações feitas para telefones fixos ou celulares, porém, Dabul ainda apela para o modelo convencional de telefonia. "Você pode usar o Skype, mas para isso, precisa comprar créditos. Como até o momento eu não precisei fazer ligações para telefones fixos no exterior, caso em que é vantajoso usar o VoIP, adoto os dois sistemas."

Ganho de tempo

A produção de um livro levou a professora da UFPR e especialista em finanças pessoais Ana Paula Mussi Cherobim a também adotar a versão gratuita do Skype. A fase é de adaptação à tecnologia e a expectativa é de que o VoIP permita ganhar tempo. "Somos cinco autores. Três moram em Curitiba, um em São Paulo e um na Alemanha. Com o VoIP é possível fazer reuniões sem a necessidade de deslocamento de uma cidade para outra ou do exterior para cá." Pelo menos por enquanto, explica, o grupo vai usar a versão gratuita para as conferências. "Se nós percebermos que dessa forma a resposta não é satisfatória, podemos adotar uma versão paga."

Segundo Ana Paula, a popularização de sistemas de transmissão de dados de voz via internet – principalmente, dos gratuitos - tem um reflexo interessante sobre o dia-a-dia de professores e pesquisadores da universidade. "Muitos têm filhos fora ou, então, estão em outros países fazendo doutorado. Com o VoIP, eles têm muito mais facilidade para falar com os familiares."

A freqüência das conversas com parentes que vivem fora de Curitiba e as contas telefônicas "gigantescas" delas decorrentes levaram a advogada Nayara Coutinho a adotar, há pouco mais de um ano, o VoIP. Ela optou pelo Vono, sistema fornecido pela operadora de telecomunicações GVT. "Eu tenho familiares em Cuiabá para quem ligo freqüentemente, duas ou até três vezes por dia. Usando o telefone convencional, gastava R$ 150 por mês apenas com essas ligações. Com o VoIP, a conta caiu para R$ 30." O Vono, como o Skype, também possui uma modalidade gratuita, para ligações realizadas entre usuários do sistema. Para outras ligações, a tarifação varia de acordo com o plano adquirido pelo cliente.

Fim da linha

O professor Wilson Bogado, do Departamento de Informática da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR, ex-Cefet/PR), acredita que a substituição da telefonia convencional por sistemas de voz sobre IP é uma questão de tempo. "A telefonia convencional consome muitos recursos. Ela pede uma banda de dados muito alta para a transmissão de poucas informações", observa. No caso do VoIP, a voz é convertida e compactada em pacotes de dados digitais que consomem poucos recursos da banda de internet, que pode ser utilizada simultaneamente para a transmissão de outros tipos de dados. Sobre a qualidade das ligações, Bogado explica que elas também tendem a melhorar, mas que isso, no Brasil, depende de melhorias na infraestrutura de internet.

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