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A Riachuelo foi fechada ao trânsito ontem e quem passou por ali viu lojas abertas e prédios que devem ser reformados | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
A Riachuelo foi fechada ao trânsito ontem e quem passou por ali viu lojas abertas e prédios que devem ser reformados| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

Na manhã de ontem, a rua Riachuelo, no centro de Curitiba, se transformou em calçadão no evento "Vitrines na Calçada", no qual os comerciantes abriram as portas em pleno domingo e expuseram na frente das lojas uma seleção do melhor que oferecem. Depois de quatro dias chuvosos na capital, a manhã ensolarada favoreceu a visita do público: como a rua ficou fechada ao trânsito de automóveis, famílias e moradores da região foram passear pela rua histórica. Uma estimativa informal do Sebrae apontou que o evento recebeu cerca de 2 mil visitantes.

O "Vitrines na Calçada" é considerado o pontapé inicial do projeto "Nova Rua Riachuelo – A rua do reciclar, do reinventar e do reencantar", parceria entre prefeitura, Sebrae e Fecomércio que pretende revitalizar o deteriorado comércio da região histórica de Curitiba. Hoje, cerca de 40% dos imóveis da região estão desocupados – alguns, de arquitetura histórica, estão abandonados. O projeto mais imediato para a rua é uma ampla reforma das calçadas, esquinas e postes de iluminação da rua, que a prefeitura pretende finalizar até dezembro. Também até o fim do ano devem sair regras de concessão de incentivos fiscais e tributários para pessoas e empresas que investirem em reforma ou reedificação dos imóveis da região. Enquanto isso, os comerciantes estão sendo incentivados a valorizar e profissionalizar os seus serviços.

Lojistas

O comerciante Johnny Stopa, que trabalha no local há 25 anos, admite que o projeto ainda é incipiente, mas se disse confiante com o futuro. "O número de vendas em si não surpreendeu muito, mas essa movimentação sadia aqui na frente é muito importante", diz o vendedor de móveis. "Das pessoas que vieram passear e conhecer mais desse projeto, muitas delas com certeza vão voltar durante a semana."

Stopa também ressaltou o aumento de segurança no local, dado que foi confirmado pelo seu vizinho de comércio Ademir de Godoy. Ele diz que as câmeras de segurança reduziram bastante o número de andarilhos que frequentavam o local, e que hoje já se percebe mudança positiva no movimento da rua. "Isso é bom, nos dá mais segurança e fortalece a economia local."

No total, mais de 70 dos aproximadamente 130 lojistas da rua já aderiram formalmente à ideia e marcaram a participação com vitrines padronizadas na calçada. Entre os que conversaram com a reportagem, um dos que mais se mostrou empolgado foi justamente quem não embarcou no projeto, mas estava lá conferindo o resultado. "Eu sou um dos poucos que sempre abre domingo, então eu sei bem como é fraco o movimento. Mas hoje [ontem], vendi como em dia de semana. Eles estão falando em fazer essa feira uma vez por mês, mas eu acho que já dá para pensar em fazer todo domingo", afirmou Aramis Tanous, que trabalha no local há 12 anos.

Questionado se agora ele vestirá a camisa do projeto – os participantes "oficiais" estavam uniformizados –, ele acenou positivamente. "Como eu conheço bem essa rua, eu tinha medo de entrar em um projeto que não vai pra frente, precisava ver para crer. Eu sou como São Tomé", diz o comerciante de origem libanesa. Ele elogiou o trabalho que as entidades envolvidas vieram fazendo nas últimas semanas, que culminaram no evento. "Recebi aqui na loja uma visita do gerente do Banco do Brasil, oferecendo crédito, capital de giro, perguntando como poderia ajudar a melhorar meu negócio. Eu acho que esse projeto não é apenas papo, esse é real. Eu vou aderir", disse Tanous.

Mudanças

A consultora de projetos de varejo do Sebrae, Walderes Bello, afirmou que é importante aos comerciantes perceberem que o projeto vai muito além do que simplesmente vender produtos no domingo. "O mais importante que temos a mostrar para as pessoas que saíram de casa para passear aqui é que os próprios empresários estão dizendo: ‘essa rua vai mudar’", destacou. "Já para nós, da organização, está sendo muito gratificante perceber que os visitantes gostaram do que estão vendo." De acordo com ela, está praticamente confirmado que pelo menos mais uma edição do evento irá acontecer antes de começarem as reformas da rua.

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