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O Brasil registrou em abril déficit em transações correntes recorde para o mês, em meio ao aumento da demanda doméstica por bens e serviços estrangeiros.

Os investimentos estrangeiros diretos vieram abaixo do esperado pelo Banco Central, que associou o fluxo menor à instabilidade econômica mundial.

As transações correntes tiveram déficit de 4,583 bilhões de dólares, o maior para o mês desde o início da série em 1947 e ante um superávit de 105 milhões de dólares um ano atrás.

Analistas consultados pela Reuters previam saldo negativo de 4,85 bilhões de dólares.

Os dados, divulgados pelo BC nesta terça-feira, mostraram que as transações correntes foram pressionadas mais uma vez pelo saldo comercial decrescente e pela conta de serviços, que computa receitas e despesas com itens como viagens, fretes e aluguel de equipamentos no exterior. O déficit dessa conta aumentou 49,5 por cento na comparação com abril de 2009 e foi a 2,379 bilhões de dólares.

O saldo comercial sofreu queda de 65 por cento no mesmo período de comparação, para 1,284 bilhão de dólares, sob impacto do aumento das importações.

O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, destacou uma perspectiva de melhora do saldo comercial até o fim do ano por conta da aceleração de preços de commodities da pauta de exportação brasileira.

"Você pode perder alguma coisa em quantum (quantidade exportada)", afirmou Lopes a jornalistas ao destacar a redução de perspectivas de crescimento de mercados importadores. "Mas, por outro lado, deve ganhar via preço."

As remessas de lucros e dividendos, que vinham se mostrando comportadas até então, também tiveram aumento expressivo em abril, alcançando 3,346 bilhões de dólares, frente a 1,716 bilhão de dólares há um ano.

Lopes previu que as remessas devem seguir em alta, mas ponderou que a tendência é que não alcancem os mesmos níveis vistos em 2008, uma vez que as empresas não têm atualmente volumes tão elevados de lucros retidos.

Investimento abaixo do esperado

O déficit em transações correntes foi superior aos investimentos estrangeiros diretos, que somaram 2,223 bilhões de dólares no mês passado, frente a 3,409 bilhões de dólares em abril de 2009.

O BC havia previsto a entrada de 2,8 bilhões de dólares em IED no mês. Para maio, a expectativa é de 1,6 bilhão de dólares.

"Esses dois meses foram marcados por volatilidades expressivas e isso faz com que o fluxo de investimentos diretos se reduza", afirmou Lopes. "Nós estamos observando de fato uma redução de fluxos provenientes principalmente da Europa."

Ele argumentou, no entanto, que a retração do IED tende a ser momentânea e que a expectativa do BC é de um fluxo "bastante forte" de investimentos no segundo semestre.

"O investimento estrangeiro direto você pode postergar por um mês ou dois, mas você geralmente não aborta a decisão de investir", ponderou.

Ainda assim, a tendência é de que a estimativa do BC de que o IED some 45 bilhões de dólares no ano seja revista para baixo. Até maio, se confirmada a estimativa do BC para o mês, o fluxo de investimentos diretos somará apenas 9,48 bilhões de dólares.

O financiamento do déficit em transações correntes foi garantido pelos investimentos em carteira, que totalizaram 7,316 bilhões de dólares em abril, ante saída de 74 milhões de dólares em abril do ano passado.

Em 12 meses até abril, o déficit em transações correntes era equivalente a 1,99 por cento do Produto Interno Bruto (PIB). Para maio, o BC prevê déficit de 2,7 bilhões de dólares.

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