A demora do Banco Central em aprovar a entrada da Caixa no controle do Banco PanAmericano evitou que a estatal tivesse de arcar com parte do rombo de R$ 2,5 bilhões nas contas da instituição privada. A presidente da Caixa, Maria Fernanda Ramos Coelho, disse que enviou ao BC, em agosto, documentos para concluir a compra de 49% do PanAmericano. O BC, no entanto, só aprovou a entrada da Caixa no conselho em novembro, depois de o Grupo Silvio Santos obter o empréstimo para sanear as contas da instituição.
Segundo o presidente do BC, Henrique Meirelles, somente a partir do momento em que a Caixa tomou posse no conselho e na diretoria do PanAmericano é que o banco passou a ter responsabilidade solidária pelo negócio. Desde julho, o BC sabia das "inconsistências" nos dados sobre vendas de carteiras de crédito, mas ainda não havia identificado qual instituição era responsável pelo problema.
Audiência pública
Maria Fernanda e Meirelles participaram ontem de audiência pública no Senado. A presidente da Caixa disse ter seguido todas as obrigações legais para verificar se o PanAmericano não tinha problemas. Afirmou também que espera uma resposta das auditorias contratadas para saber se houve omissão por parte dessas empresas.
Ela negou que a Caixa tenha tido prejuízo por ter comprado o banco quando suas ações valiam o dobro da cotação atual. "A Caixa não comprou como um especulador. Ela comprou como um planejamento estratégico e avalia que isso vai trazer o retorno esperado", afirmou. Para ela, o PanAmericano será importante para o crescimento da instituição em áreas onde a participação é pequena, como é o caso de financiamento de carros, leasing e consignado.
Auditoria
Na avaliação de Meirelles, o trabalho de fiscalização da autoridade monetária tem como objetivo evitar risco sistêmico e isso não deve ser confundido com trabalho de auditoria. Se o BC tivesse de desempenhar essa função, além dos elevados custos para os cofres públicos, seria necessário um exército de auditores para analisar todo o sistema financeiro. "Seria uma supergaláctica empresa de auditoria do BC auditando todas as empresas financeiras do Brasil. Não há viabilidade para isso", disse.
O presidente do BC ainda disse que o governo não pode arcar com os riscos de se responsabilizar por dados divulgados pelo setor privado. Meirelles acrescentou que ainda é cedo para saber quem falhou, e para avaliar se é preciso mudar a forma como o BC fiscaliza os bancos.



