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Política monetária

Desaceleração faz BC elevar juros em ritmo mais brando

Com inflação em queda e indicadores de atividade econômica mais fraca, Copom reduz ritmo do aperto monetário e anuncia elevação de 0,5 p.p. na Selic

Copom cumpriu as expectativas do mercado. Confira |
Copom cumpriu as expectativas do mercado. Confira (Foto: )
Confira o impacto do aumento da taxa Selic em várias situações do dia a dia |

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Confira o impacto do aumento da taxa Selic em várias situações do dia a dia

Pressionado pela divulgação de indicadores que apontam a desaceleração da economia brasileira, o Banco Central decidiu reduzir o ritmo de aumento da taxa básica de juros, a Selic. O Comitê de Política Monetária do BC (Copom) elevou ontem à noite os juros de 10,25% para 10,75% ao ano. A intensidade do aumento foi menor que a realizada nas duas reuniões anteriores do Copom, quando a taxa havia subido 0,75 ponto porcentual. A notícia da alta já era esperada pelo mercado, tendo em vista a necessidade de manter a política monetária instituída pelo BC. "Considerando o processo de redução de riscos do cenário inflacionário que se configura desde a última reunião do Copom, e que se deve à evolução recente de fatores domésticos e externos, o comitê entende que a decisão irá contribuir para intensificar esse processo", informou a autoridade monetária.

Apesar das previsões, muitos economistas esperavam um aumento maior, de 0,75 ponto porcentual. Para eles, nem mesmo o anúncio de deflação de 0,09% no IPCA-15, divulgado na última terça-feira, aliviaria o ritmo do aperto monetário promovido pelo BC desde abril deste ano.

Os analistas destacam que o aumento da Selic não trará impacto imediato à economia nacional, uma vez que a elevação não compromete, em curto prazo, o crédito e o financiamento usados pela indústria, pelo comércio ou mesmo pelo consumidor. "Esse aumento não afeta as decisões de consumo que o povo já está tomando. Quem pensa em comprar um carro irá comprá-lo de qualquer jeito", avalia Demian Castro, chefe do departamento de Economia da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Edson Stein, coordenador do curso de Economia da Faculdades Integradas do Brasil (Unibrasil), diz que o aumento da Selic tem consequências ruins, mas em um prazo de médio a longo. É que o acréscimo de 0,5 ponto porcentual torna mais cara a produção e encarece o consumo. Em linhas gerais, qualquer acréscimo acaba por onerar toda a cadeia produtiva, o que levaria a economia ao patamar de desaceleração esperado pelo governo em 2011. "Em vez de conter o consumo, o governo deveria se empenhar em desenvolver uma política econômica que amplie a oferta, já que todos estão interessados em consumir ainda mais", pondera o economista.

Expectativas

Para Giuliano Contento de Oliveira, professor do instituto de economia da Unicamp, não há possibilidade de alteração da conduta adotada pelo BC. Pelo menos não antes do término de 2010. "O que o BC vai fazer é continuar esse ciclo de alta e verificar como os preços e a atividade econômica respondem ao aumento. Só aí poderemos ter uma redefinição dessa política", explica.

O diretor-executivo da Federação do Comércio de São Paulo (Fecomercio-SP), Antonio Carlos Borges, disse que a alta no juro básico mostra um medo exagerado do BC sobre a possibilidade de aumento da inflação e a classifica como conservadora. A Fecomercio ressalta que alterações na Selic costumam levar de quatro a oito meses para surtirem efeito na economia real.

Já o presidente em exercício da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, disse ver "com algum alento" a decisão de reduzir o ritmo de aumentos na Selic. Ainda assim, segundo ele, a elevação dos juros se mostra desnecessária, pelo cenário de arrefecimento da atividade econômica. "Diversos indicadores, como a produção e venda de veículos, a produção de papel ondulado e consumo de energia elétrica confirmam o quadro de redução no ritmo de crescimento já no segundo trimestre deste ano", acrescentou Andrade.

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