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A crise cambial da Argentina deteriorou ainda mais as expectativas de investidores em relação ao Brasil. Nos últimos dias, houve forte elevação dos Credit Default Swaps (CDS), um tipo de papel que serve como "seguro" contra eventual calote do País e é usado como termômetro da confiança do mercado. Somente no mês de janeiro, o CDS de referência que vence em 5 anos subiu 10,88%.

Na visão do governo federal, uma piora desse indicador era "razoavelmente natural e esperada", dada a integração econômica entre Brasil e Argentina. No entanto, a equipe econômica avalia que os riscos são mínimos.

O sinal de aperto fiscal, aguardado com ansiedade pelo mercado financeiro, será dado em fevereiro, e isso, aliado a uma melhora do saldo comercial esperada para este ano, deve "dissociar" o Brasil do país vizinho, segundo fontes do governo.

A grande aposta da equipe econômica é o avanço da produção e refino de petróleo pela Petrobrás, o que diminuiria a importações de combustíveis e derivados.

Embora especialistas consideram que os investidores estrangeiros já consigam diferenciar o Brasil do vizinho latino-americano, no entendimento do mercado a piora cambial na Argentina afetará as exportações brasileiras de produtos com alto valor agregado.

Consequentemente, a balança comercial brasileira pode não ajudar a financiar o rombo externo - da mesma forma como ocorreu em 2013, ano em que foi registrado o pior déficit da história: R$ 81,4 bilhões.

"A piora na Argentina sinaliza um desempenho ruim para a indústria automobilística brasileira. Todos apostavam em uma redução do déficit este ano. Pode ser que esse contágio impeça essa possibilidade", afirma Samuel Pessôa, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da FGV.

Se a previsão se confirmar, seria a concretização novamente de um cenário pessimista para a economia brasileira: a continuidade da dependência de recursos externos.

Política fiscal

Pessôa lembra que o movimento de elevação da cotação do CDS do Brasil na comparação com países latino-americanos como Chile, Colômbia, México e Peru, começou em outubro do ano passado, com a divulgação de dados ruins da própria economia brasileira: um superávit primário menor do que o mercado esperava.

"Esse fato detonou um processo de reclassificação dos ativos. Criou-se um "efeito manada": todos os analistas começaram a olhar com mais cuidado a condução da política fiscal", explica.

André Perfeito, economista-chefe da Gradual, diz que "por bem ou por mal" a Argentina está fora do cenário global de investimentos há muito tempo, mas qualquer notícia no país vizinho modifica um pouco a percepção dos investidores com o conjunto dos latinos. "O efeito no Brasil é maior por ser o principal País do grupo, isto é, um mercado financeiro mais organizado e com volume de investimentos mais altos", afirma Perfeito.

Para Zeina Latif, economista-chefe da XP Investimentos, o estresse pela Argentina é menor do que o causado pela própria equipe econômica do governo. Além do fiscal, Zeina diz que o ritmo cambaleante da economia brasileira é outro fator que influencia na análise dos investidores internacionais sobre o risco de inadimplência dos títulos soberanos brasileiros. "Os fundamentos da economia brasileira não estão tão sólidos como deveriam. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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