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TRABALHO

Desemprego sobe mais nas capitais

Além de concentrar a indústria, que já cortava vagas, grandes centros têm muitos ocupados no comércio e nos serviços, onde as demissões apenas começaram

Agência do Trabalhador em Curitiba: dispensas são maiores nas capitais que no interior. | Giuliano Gomes/Gazeta do Povo
Agência do Trabalhador em Curitiba: dispensas são maiores nas capitais que no interior. (Foto: Giuliano Gomes/Gazeta do Povo)

O ritmo acelerado de piora do mercado de trabalho vem surpreendendo especialistas e a abertura de alguns dados sinaliza que o pior ainda está por vir, especialmente nas grandes cidades. O avanço do desemprego tem sido mais intenso nas principais regiões metropolitanas do país porque, além de sediarem construtoras e indústrias, que vêm sentindo há mais tempo os reflexos negativos da desaceleração da economia, essas áreas concentram boa parte do comércio e dos serviços, que resistiram a começar as demissões, mas devem acentuar os cortes nos próximos meses.

Especialistas destacam que nas regiões onde predomina o agronegócio a deterioração do mercado de trabalho é mais branda, já que a atividade está sendo menos afetada pela recessão. A tendência para os próximos meses, avaliam, é de que a taxa de desocupação cresça mais rápido nas capitais que na média do Brasil. O comércio e os serviços, que empregam contingentes significativos de trabalhadores, entraram no processo de ajuste da mão de obra mais tardiamente se comparados à indústria e à construção.

O economista Marcel Caparoz, da RC Consultores, destaca que a análise comparativa das taxas de desocupação medidas por duas pesquisas do IBGE permite apontar diferenças no avanço da desemprego no país. A Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio (Pnad) Contínua leva em consideração 3,5 mil municípios brasileiros e, entre o segundo trimestre de 2014 e o segundo de 2015, registrou um acréscimo de 1,5 ponto porcentual na desocupação, para 8,3%. Também em um ano, o desemprego medido pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME), que colhe dados apenas nas seis principais regiões metropolitanas do País, avançou 2,6 pontos porcentuais até julho, para 7,5%. “Olhando para o último ano, é possível afirmar que o aumento do desemprego foi mais intenso nas regiões metropolitanas que no interior”, diz Caparoz.

Segundo o economista, o enfraquecimento da indústria já se arrasta por cerca de dois ou três anos e, por isso, o motivo do maior número de demissões nas principais cidades do país nos últimos 12 meses ocorreu nesse setor.

Mas os demais setores também estão cortando. Em julho, por exemplo, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o comércio eliminou 34.545 postos de trabalho, ao passo que nos serviços as demissões superaram as admissões em 58.010 vagas. O que sinaliza que ainda há espaço para cortes neste segmentos é o fato de que, entre agosto de 2014 e julho de 2015, o saldo ainda está positivo em 14.970 no comércio e 33.150 em serviços.

A perda de fôlego do mercado de trabalho e a sinalização de que as demissões têm sido mais recorrentes, no entanto, ficam evidentes quando se observa o saldo no acumulado dos sete primeiros meses de 2015: nesse período, foram eliminados 214.145 postos de trabalho no comércio e de 11.648 em serviços. “O comércio e os serviços, de 2010 para cá, criaram quase 10 milhões de vagas formais. O que ocorre nos últimos anos é que o ritmo de geração de vagas veio diminuindo e, com a continuidade dessa dinâmica, começou-se, de fato, a cortar vagas e esse movimento se intensificou em 2015”, avaliou Caparoz.

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