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crise europeia

Destino da zona do euro está nas mãos de corte alemã

Magistrados se reunirão na próxima semana para discutir a legalidade do Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira, encarregado de dar auxílio a países em dificuldade

Os magistrados da corte constitucional: há chances de a decisão ser nebulosa e aberta a interpretações | Uli Deck /AFP
Os magistrados da corte constitucional: há chances de a decisão ser nebulosa e aberta a interpretações (Foto: Uli Deck /AFP)

A Corte Constitucional da Alemanha tem o destino da zona do euro em suas mãos. Os magistrados decidirão na semana que vem se o fundo de resgate financeiro do bloco pode ser ativado. Uma decisão negativa – considerada improvável por especialistas legais – pode criar pânico nos mercados de títulos por aumentar as dúvidas sobre mais resgates de países endividados do sul, como Espanha, Itália, Portugal e Grécia.

No entanto, se a audiência de 12 de setembro der sinal verde para o mecanismo permanente de resgate da zona do euro – o Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira (ESM, na sigla em inglês) – e para o pacto de disciplina orçamentária mais rigoroso, isso pode ajudar a limitar o poder de Berlim para continuar com a integração europeia. A corte, sediada em Karlsruhe, no oeste da Alemanha, uma das instituições mais confiáveis do país, não deve deixar a chanceler Angela Merkel completamente sem dificuldades.

Poucos especialistas esperam que os juízes rejeitem o ESM e o pacto fiscal, ao menos por causa do impacto devastador que isso teria nos mercados financeiros. "Se eles fossem nos surpreender tirando a participação da Alemanha, eu acho que seria melhor fazer um banho de sangue nos mercados", afirmou o economista-chefe do UniCredit global, Erik Nielsen.

Mas os magistrados podem muito bem exigir mais consultas parlamentares antes de a Alemanha concordar com mais integração europeia, ou sinalizar que o processo foi o mais longe possível sem reescrever a Lei Básica da Alemanha. "Eu não acho que a corte irá bloquear o ESM ou o pacto fiscal, portanto, a integração europeia não chegará ao fim em 12 de setembro", afirmou à agência de notícias Reuters um professor de União Europeia e lei constitucional na Universidade alemão de Bielefeld. "Mas é improvável que haja apenas um parágrafo dizendo ‘sem problemas, apenas vão em frente’. Como no passado, será nebuloso, aberto a interpretações", disse.

O ESM deveria ter sucedido o fundo de resgate temporário da zona do euro, o Fundo Europeu de Estabilização Financeira (EFSF, na sigla em inglês), a partir de julho e levantar 700 bilhões de euros para prevenir uma propagação ainda maior da crise da dívida da zona do euro.

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