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| Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

Entidades patronais apoiam aproximação da UE com Brasil e com Mercosul

Entidades patronais europeias e brasileiras demonstraram nesta segunda-feira (24) seu apoio a que a União Europeia (UE) e o Brasil estreitem mais seus laços em áreas como o comércio e os investimentos, paralelamente às negociações com o Mercosul. A patronal europeia BusinessEurope, a Associação Europeia de Câmaras de Comércio e Indústria (Eurochambres) e a Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostraram seu "compromisso" tanto com as negociações bilaterais entre Bruxelas e Brasília, como com os diálogos com o Mercosul.

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A presidente Dilma Rousseff criticou nesta segunda-feira (24), em reunião com líderes da União Europeia, a ação do bloco na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra a política de incentivos do governo brasileiro à indústria local. Num encontro privado e depois em declaração conjunta à imprensa, em Bruxelas, a presidente disse que ficou "surpresa" com os europeus e afirmou ter "estranhado" a postura da UE em relação ao Brasil.

As palavras foram dirigidas ao presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, e ao presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy.

Zona Franca e Inovar-Auto

Recentemente, a União Europeia questionou formalmente na OMC a política de incentivo do governo brasileiro à Zona Franca de Manaus e ao programa Inovar-Auto, ligado ao setor automotivo. O episódio criou um mal-estar entre o governo brasileiro e o bloco europeu. "Nós estranhamos a contestação pela Europa na OMC, mesmo sabendo que é simplesmente uma consulta prévia, de programas que são essenciais ao desenvolvimento sustentável da economia brasileira", disse Dilma em declaração ao lado dos dois dirigentes europeus.

"No caso da Zona Franca, assinalei a minha surpresa de que a Europa, uma região tão comprometida com questões ambientais, conteste uma produção ambientalmente limpa na Amazônia, que gera emprego e renda e é instrumento fundamental para a gente conservar a floresta", afirmou a presidente. Sobre o Inovar-Auto, Dilma disse que é um "importante programa de desenvolvimento tecnológico" do qual participam empresas "dominantemente europeias".

Resposta

Ao responder sobre assunto, também ao lado de Dilma, o presidente da Comissão Europeia minimizou o episódio, dizendo, por exemplo, que o bloco não se opõe à Zona Franca de Manaus. "Quero deixar claro que a UE não tem nada contra a Zona Franca, não se opõe, compreendemos muito bem aquela zona", disse.

"Agora, isso pode ser analisado construtivamente na OMC, com espírito de ambas as partes para que fique claro que a União Europeia não se opõe."

Brasil e UE avançam na negociação sobre cabo de comunicação

O encontro da presidente Dilma Rousseff com dirigentes da União Europeia em Bruxelas serviu para avançar as conversas de criação de um cabo de comunicação que liga o Brasil ao continente europeu. Na declaração à imprensa, Dilma e os presidentes do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, e da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, demonstraram interesse conjunto em levar adiante a proposta, capitaneada pelo Palácio do Planalto.

O governo brasileiro quer atrair investimentos europeus para ajudar a bancar o projeto, avaliado em ao menos US$ 185 milhões (R$ 435 milhões). "Temos consciência da importância dessa ligação, de que a situação atual exige que ela seja feita com toda a segurança e com toda proteção requerida de criptografia, e estamos extremamente interessados na possibilidade do que isso trará para as áreas de educação, pesquisa e inovação, comércio e a própria segurança na internet", disse a presidente.

O projeto ganhou força dentro do governo brasileiro e entre países europeus após o escândalo de espionagem cibernética dos Estados Unidos contra autoridades, incluindo a própria presidente Dilma e a chanceler alemã, Angela Merkel. A ideia é que um cabo de fibra ótica de alta capacidade ligue Fortaleza a Lisboa, aumentando o poder de comunicação entre as duas partes nas áreas de internet, comercial, pesquisas, entre outras.

O presidente da Comissão Europeia confirmou que o tema foi discutido na reunião privada com a presidente Dilma, em Bruxelas. "Concordamos hoje na importância da construção de um cabo de fibra ótica que vai ligar a América Latina à Europa, com os pontos de entrada e chegada em Fortaleza e Lisboa", disse Durão Barroso. "Este projeto contribuirá para aumentar a competitividade, reduzir os custos das ligações e dar um novo impulso ao crescimento da economia digital", afirmou.

O seu colega de UE compartilhou de discurso parecido. Herman Van Rompuy destacou a relação do projeto com as discussões sobre segurança cibernética e citou a conferência de governança na internet que o Brasil sediará entre 23 e 24 de abril. "Nós dividimos o comum interesse em proteger a internet livre, que traz enormes progressos sociais e econômicos. Ao mesmo tempo, vamos continuar reforçando a proteção de dados e os padrões de privacidade. O novo cabo submarino, ligando Europa e América Latina, daria uma importante contribuição a esses esforços", disse o presidente do Conselho Europeu.

O cabo submarino começaria a ser implantado em 2015. A proposta também é considerada estratégica porque hoje o Brasil depende predominantemente de cabos dos EUA para sua comunicação externa, o que desagrada o governo Dilma sobretudo após o escândalo da espionagem revelado pelo ex-agente da NSA Edward Snowden.

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