Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
empréstimos

Dilma diz que juro bancário é entrave ao crescimento

Em nova investida do governo contra os bancos, presidente afirmou que os “spreads” têm de se alinhar aos padrões internacionais

Dilma, de óculos 3D durante apresentação na CNI: plateia de industriais aplaudiu críticas aos bancos | Ueslei Marcelino/Reuters
Dilma, de óculos 3D durante apresentação na CNI: plateia de industriais aplaudiu críticas aos bancos (Foto: Ueslei Marcelino/Reuters)

A queda dos juros cobrados pelos bancos virou ponto de honra para o governo. Ontem, um dia depois de o ministro da Fazenda elevar o tom contra os "spreads" bancários, foi a vez de a presidente Dilma Rousseff atacar a questão. Ela atribuiu às altas taxas o entrave para o crescimento da economia brasileira, e deixou claro que deseja ver as instituições privadas seguirem os bancos oficiais e derrubarem o spread – que, no jargão econômico, é a diferença entre os juros que os bancos pagam para captar recursos e as taxas que eles cobram de seus clientes.

"É muito importante a gente perceber o que está em questão, hoje, no Brasil. Temos de desmontar alguns entraves ao nosso crescimento sustentável e continuado. Esses entraves podem ser assim resumidos na necessidade de colocarmos os nossos juros e spreads incluídos nos padrões internacionais de custo de capital", disse a presidente.

Dilma voltou ao assunto quando discursava de improviso para uma das plateias mais afoitas por crédito barato, a de empresários. A reação foi imediata. Mal a presidente terminou a frase, aplausos ecoaram no auditório da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

O bombardeio do governo contra os juros foi intensificado na semana passada, quando Caixa e Banco do Brasil anunciaram redução de suas taxas. Na quinta-feira à noite, o HSBC foi o primeiro banco privado a seguir as instituições públicas. Também na quinta, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, elevou o tom sobre o assunto, dizendo que cabe às instituições, e não ao governo, diminuir suas margens para baratear o crédito. Foi claramente uma reação ao argumento da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) de que a "bola estava com o governo" após a entrega de mais de 20 propostas à Fazenda. O ministro, porém, interpretou a lista como cobrança e não gostou de ser colocado na parede.

Logo depois do discurso de Dilma, o presidente da CNI, Robson de Andrade, disse apoiar "integralmente" a estratégia do governo na batalha contra os juros elevados. "Temos certeza de que os spreads podem ser reduzidos."

Segundo Andrade, a expectativa era de que essa diferença já tivesse começado a ser vista com o início das negociações em torno do cadastro positivo, mas que o setor acabou se frustrando. "Se o Banco do Brasil e a Caixa Econômica, que estão entre as maiores instituições bancárias do país, conseguiram diminuir seus spreads, os bancos privados também têm condições de revisar seus cálculos e fazer o mesmo", acrescentou.

Outros entraves

Dado mais um recado aos bancos, a presidente fez uma mea culpa ao admitir que o país tem hoje estruturas tributárias que se tornam muito pesadas para o processo de crescimento sustentável. "Temos de criar condições para que o país possa de fato ter uma desoneração tributária que não comprometa a situação macroeconômica."

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.