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Presidente afirma que foi mal interpretada

Após declaração à imprensa na África do Sul, a presidenta Dilma Rousseff disse nesta quarta (27) que seus comentários sobre inflação foram manipuladas e mal interpretadas pelo mercado financeiro. A presidenta disse ser contrária a medidas de combate à inflação que comprometam o ritmo de crescimento econômico do país. "Não concordo com políticas de combate à inflação que olhem a questão da redução do crescimento econômico, até porque nós temos uma contraprova dada pela realidade", disse.

"Esse receituário que quer matar o doente em vez de curar a doença, ele é complicado, você entende? Eu vou acabar com o crescimento do país? Isso daí está datado. Isso eu acho que é uma política superada", acrescentou.

As declarações da presidenta, segundo nota divulgada pelo Blog do Planalto, foram mal interpretadas pelo mercado financeiro. "Foi uma manipulação inadmissível de minha fala. O combate à inflação é um valor em si mesmo e permanente do meu governo", disse a presidenta, de acordo com o informe.

Segundo o Planalto, "agentes do mercado financeiro estavam interpretando erroneamente seus comentários como expressão de leniência em relação à inflação". Além de divulgar a nota, Dilma Rousseff determinou que o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, preste esclarecimentos sobre o assunto.

Tombini esclarece fala da presidente

O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, garante que não há tolerância no governo com a inflação. Em entrevista exclusiva ao Grupo Estado nesta quarta-feira, Tombini afirmou que a presidente Dilma Rousseff pediu a ele para esclarecer o mercado de que "qualquer implicação na fala dela hoje, de que há tolerância com a inflação, é uma interpretação equivocada".

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A presidente Dilma Rousseff disse nesta quarta-feira (27) não concordar com políticas que reduzem o crescimento para combater a inflação. A declaração foi feita em reunião dos Brics (grupo de países emergentes composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

A presidente afirmou também que é contra "esse receituário que quer matar o paciente para acabar com a doença". A declaração, feita na África do Sul, ocorre a um dia da divulgação do relatório de inflação -o mercado espera o documento para confirmar quando o Banco Central irá aumentar os juros. Logo depois, a presidente disse que foi mal interpretada (leia ao lado)

Na semana passada, o presidente do BC, Alexandre Tombini, disse que a atividade econômica dá sinais de que cresce a um ritmo mais veloz do que o observado no fim do ano passado e reforçou a preocupação com o "nível e a resistência" da inflação.

Embora tenha repetido que o BC deverá agir com cautela na reação aos aumentos de preços, Tombini deixou no ar que pode endurecer na ação.

Desde fevereiro, autoridades do governo e o próprio presidente do BC têm demonstrado desconforto com a alta da inflação.

A ata da mais recente reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) alimentou a expectativa de que o BC pode elevar os juros para conter aumentos de preços, e as taxas no mercado futuro subiram.

A prévia da inflação oficial de março (0,49%) ficou abaixo da de fevereiro (0,68%), conforme divulgação do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) na semana passada. Contudo, o IPCA-15 acumulado em 12 meses chegou a 6,43%, perto do teto da meta do governo (6,5%), e pode superar barreira até o fim do mês.

O recuo foi proporcionado pela redução das tarifas de energia elétrica (que compensou a alta da gasolina), por uma leve desaceleração dos preços dos alimentos e pelo fim do impacto do aumento do grupo educação, concentrado em fevereiro. Analistas projetam um aumento do IPCA fechado de março entre 0,40% e 0,50%. Se a inflação ficar neste intervalo, haverá o estouro da meta no índice de 12 meses. As previsões, porém, indicam desaceleração a partir de maio, o que deve fazer o IPCA fechar o ano abaixo do limite de 6,5%.

Selic

No começo do mês, o Copom manteve o juro básico da economia brasileira, a taxa Selic, em 7,25% ao ano, e disse que avaliaria os dados econômicos até a próxima reunião, em abril.

Foi a terceira reunião seguida do Copom (Comitê de Política Monetária) em que a taxa -que está no menor nível da história- foi mantida.

O último corte, de 7,5% para 7,25%, ocorreu em outubro de 2012. Desde agosto de 2011, a Selic caiu 5,25 pontos percentuais, em dez reduções consecutivas.

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