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Um cartaz de venda de "geladinhos" (picolés vendidos em saquinhos), em frente à porta de casa, foi o primeiro passo para o casal Eroti e Neida Leal, de Curitiba, concretizarem, há quatro anos, planos antigos de abrir um pequeno comércio. Enquanto ele trabalhava como barbeiro, em um cômodo adaptado ao lado da garagem do sobrado onde moram, na Cidade Industrial, ela ficava num vai-e-vem entre a geladeira de casa e o portão onde a meninada da vizinhança tocava a campanhia para comprar os picolés. "O movimento era tão grande, que resolvemos vender um carrinho de bebê da minha netinha, que já estava com um ano, para comprar um balcão usado de lanchonete", conta Neida. De porta de venda de geladinhos, a garagem se transformou em banca de doces.

Balas, chicletes e quitutes miúdos vendidos no balcão usado dos Leal fizeram o patriarca da família desistir de ser barbeiro e virar microempresário. "As pessoas vinham aqui comprar e eu queria ajudar, mas estava sempre com a roupa cheia de cabelos. Quando um cliente disse que havia a possibilidade de pegar um pouco de dinheiro emprestado, sem muita burocracia, a gente resolveu investir no comércio e desistir da barbearia", diz Leal. Dois mil e quinhentos reais pagos em 18 parcelas, com juros de 1,5% ao mês, foram suficientes para comprar um freezer, um toldo para a entrada da lojinha e fazer uma pequena reforma no antigo salão de barbeiro. "Antes, eu nem pensava em fazer empréstimo, porque não tinha alguém com bens para ser avalista. Sem o microcrédito, teríamos desistido da banca. Hoje nós dois trabalhamos juntos, em uma atividade que gostamos de fazer", afirma Neida.

Em geral, as linhas de microcrédito produtivo de bancos, cooperativas de crédito, agências de fomento e organizações da sociedade civil de interesse público (Oscip) do Brasil fazem empréstimos de valores entre R$ 300 e R$ 5 mil com juros de até 4% ao mês, para empreendedores cujo empresa tenha renda bruta anual de até R$ 60 mil. Desde que foi aberta, a Banca de Doces do Gaúcho já fez outros dois empréstimos, de menor valor que o primeiro, para compra de estoque e planeja um quarto pedido de microcrédito no ano que vem. "Desta vez, queremos comprar um balcão refrigerado. Hoje, parte dos produtos perecíveis que vendemos na banca fica guardado na geladeira de casa, porque não temos local apropriado para armazenar aqui na loja", explica Neide.

A prestação, afirma Leal, cabe mais fácil no orçamento do que uma compra parcelada pelas lojas. "Com o dinheiro na mão para comprar à vista, nós negociamos preços melhores". O casal não sabe dizer qual a remuneração mensal que obtém com a venda dos doces, sorvetes e lanches, mas garante que hoje vive melhor do antes. "Nós dois estamos ocupados com aquilo que gostamos de fazer e conseguimos pagar todas as nossas contas e, aos poucos, comprar alguma coisa para a casa e para a própria banca de doces. Não temos do que nos queixar", comemora o marido.

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