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Relações Internacionais

Dirigentes do Bird e do FMI evitam polêmica com presidente brasileiro

Washington, EUA – A convocação do presidente Lula para que os países em desenvolvimento criem as próprias instituições multilaterais não parece haver abalado o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, nem o diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional, Rodrigo de Rato. Os africanos estão ansiosos para trabalhar com o banco e os governos estaduais do Brasil estão interessados em financiamento direto, por causa de suas limitações fiscais, disse Zoellick.

De Rato preferiu não polemizar: "Esta é uma de minhas últimas entrevistas (ele deixará o posto no começo de novembro) e não abandonarei a regra de não responder a comentários de outras pessoas". Mas acrescentou haver mantido "relações muito boas com o Brasil e com o presidente Lula" em seus três anos e meio no FMI.

Além disso, observou De Rato, a reforma iniciada no ano passado em Cingapura envolve a atribuição de maior poder de voto aos emergentes e aos pobres e isso responde, segundo ele, à reclamação do presidente brasileiro.

No Congo, na segunda-feira, o presidente Lula havia defendido, em discurso, a criação de instituições financeiras dos países pobres e emergentes para substituir o Fundo e o Bird. "Não há lugar para as nações em desenvolvimento no Banco Mundial e no FMI", havia dito Lula. As duas instituições, segundo ele, são dos ricos.

Zoellick e De Rato mencionaram contatos recentes com as autoridades brasileiras e referiram-se ao Brasil como um sócio muito ativo das duas instituições. "Estamos criando parcerias mais próximas com países de renda média e desenvolvendo maneiras de melhor servir a eles", disse Zoellick. "Eu me reuni com o presidente Lula e com o ministro da Fazenda no Brasil e discutimos suas sugestões para financiamento de infra-estrutura na América Latina."

Os países de renda média têm papel essencial na estratégia do Banco Mundial, disse Zoellick, e uma das opções, segundo ele, é agir em questões de grande interesse desses países, como biocom-bustíveis para o Brasil e crescimento com menos poluição no caso da China. Os países de renda média têm também papel ativo no banco, disse Zoellick, colaborando, por exemplo, na transferência de conhecimentos. "Falei com o presidente Lula sobre pesquisas agrícolas na África e o incrível crescimento da China também oferece lições úteis." China, Índia e os países de renda média vinculados ao Bird representam, segundo Zoellick, 70% dos pobres do mundo.

Uma das maneiras de diversificar a cooperação é a oferta de financiamento a governos subnacionais. Alguns governos estaduais brasileiros, sujeitos a restrições fiscais, vêm discutindo com o Fundo empréstimos diretos. Há programas semelhantes com a China.

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