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Em 2011, pelo menos 4 milhões de brasileiros usaram o celular para consultar o saldo bancário, pagar uma conta ou fazer operações mais sofisticadas, como aplicações e resgates de fundos de investimento ou compras de ações. O cálculo é feito pelo sócio da consultoria Booz & Company e ex-diretor de tecnologia da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), Gustavo Roxo.

O número ainda é pequeno diante dos 38 milhões de pessoas que usam a internet para fazer operações bancárias, mas representa um crescimento de quase 100% em relação aos 2,2 milhões de pessoas que usaram o celular para operações de "mobile banking" em 2010, segundo dados da Febraban. Em 2009, foram 1,3 milhão de usuários do "mobile banking", mostram os números da Febraban.

"Nossa estimativa é que os usuários do 'mobile banking' tenham quase dobrado entre 2010 e 2011, passando de 2,2 milhões de pessoas para 4 milhões no ano passado. É um crescimento elevado, que vem se repetindo nos últimos anos e vai se manter nesse ritmo nos próximos. Com a evolução da tecnologia dos smatphones, com sistemas operacionais Android, Blackberry e Windows Phone, ficou mais amigável fazer operações bancárias pelo celular. É como usar o computador, com a vantagem da mobilidade. Antigamente, havia apenas o wap banking, pouco amigável. Acreditamos que, em cinco anos, a base de clientes que usam a internet e os celulares para transações bancárias tende a convergir para o mesmo número", analisa Roxo.

Nesta semana, o Brasil superou a marca de 247 milhões de celulares habilitados. Só em fevereiro, foram 2,4 milhões de novas habilitações, o maior número dos últimos 13 anos. Na ponta do lápis, significa dizer que de cada 100 brasileiros, 126,45 têm um celular, o que na prática dá mais de uma linha para cada habitante, um elevado potencial de clientes do "mobile banking".

"Com aparelhos oferecendo cada vez mais funcionalidades, a tendência é que o crescimento de usuários seja exponencial", avalia Roxo.

O cliente não paga nenhuma tarifa ao banco para fazer uma transferência ou verificar seu extrato. Mas paga à operadora para usar a internet. Para os bancos é mais vantagem que o cliente use o celular ou a internet para suas transações. Calcula-se que uma operação bancária feita pelo site do banco custa em torno de R$ 0,10 contra os R$ 3 para realização da mesma operação na boca do caixa. Por isso, as facilidades oferecidas pelas instituições bancárias devem crescer também por esse canal.

No Itaú Unibanco, por exemplo, o aplicativo para iPhone e para Android permite que o cliente pague suas contas com código de barras usando a câmera do celular. No iPhone, os clientes de Seguro Auto Itaú podem acionar o serviço de assistência 24 Horas, seja resgate ou socorro mecânico, também por meio do aplicativo no celular. Com a ferramenta de GPS, o aplicativo permite acompanhar o trajeto do prestador acionado, com informações atualizadas sobre sua localização e previsão de chegada. Também é possível localizar pelo celular o caixa eletrônico mais próximo de onde o cliente está.

"Buscamos aproveitar as particularidades de cada aparelho ao desenvolver nossos aplicativos. Além disso, nosso objetivo é criar aplicativos fáceis de usar, quase intuitivos", diz Ricardo Guerra, diretor de Canais de Atendimento do Itaú Unibanco.

O Itaú Unibanco já ultrapassou a marca de 1,1 milhão de downloads para aplicativos de "mobile banking".

De acordo com Luca Cavalcanti, diretor de Canais Digitais Bradesco, no ano passado, a média mensal de operações por celular foi de 8 milhões. Este ano, segundo Cavalcanti, em janeiro e fevereiro, foram 15 milhões de operações via celular por mês, quase o dobro.

"As operações por celular já representam 2% de todas as operações do Bradesco", afirma Cavalcanti.

Ele afirma que apenas para o iPhone existem 19 aplicativos. É possível ter acesso ao extrato do cartão de crédito dos últimos 12 meses, comprar e vender ações, pedir talão de cheques, ativar o limite de crédito e pagar contas com código de barras.

"O cliente também pode receber diariamente um SMS com saldo da conta ou dos investimentos. Pode ainda receber mensagens interativas, depois de se cadastrar no site do banco, e ao respondê-las autoriza o pagamento de contas", diz Cavalcanti.

O gerente de Divisão da Unidade de Gestão de Canais do Banco do Brasil, José Lairton Rocha Junior, explica que mesmo com medo de fraudes, as operações de "mobile banking" se expandem no país. O BB tem 1,8 milhão de clientes que usam o celular. Em dezembro de 2011, eles realizaram 11 milhões de transações. Entre os serviços que o cliente pode ter, está o recebimento de um SMS com preço de determinada ação. O BB também oferece mensagens alertando que um débito foi feito na conta corrente ou uma fatura foi paga.

"As operações de pagamento de contas, consulta de saldo ou extrato são gratuitas. Para receber os SMS de alerta, o cliente paga R$ 3,50 ao mês", diz Lairton.

O BB criou um serviço em que o cliente pode fazer um saque sem cartão, usando seu celular. Pelo número cadastrado, ele envia um SMS ao banco, recebe um código e autoriza o filho ou a mulher a fazer um saque num terminal do banco.

"Temos muitos estudos de novos serviços, inclusive para permitir que clientes, mesmo utilizando celulares mais simples, possam realizar suas transações bancárias e se relacionar com o banco via SMS. Entre eles, estão consulta a saldos e extratos e recarga de celular pré-pago", diz Lairton.

O ex-diretor da Febraban Gustavo Roxo lembra que um dos grandes obstáculos para um crescimento maior das operações bancárias por celular ainda é o medo de fraudes nas operações. Uma pesquisa da Unisys Corporation feita no Brasil mostra que apenas 11% dos entrevistados consideram adotar a possibilidade de utilizar celulares em transações on-line, enquanto 67% afirmam que dificilmente usariam o telefone móvel para esta finalidade. O motivo é a segurança. A maioria dos entrevistados (43%) considera que não é seguro usar o celular para transações financeiras, enquanto apenas 2% consideram essas transações muito seguras.

"Evitar fraudes depende muito do comportamento do usuário. O ideal é sempre seguir a orientação dos bancos no uso do celular para 'mobile banking', e ler os comunicados e alertas enviados aos clientes. Sempre que notar comportamento diferente do que estava acostumado, como o site pedindo uma informação de segurança, o melhor é interromper a transação e solicitar ajuda ao banco. Os fraudadores ainda se aproveitam da inocência dos clientes para aplicar seus golpes", diz Roxo.

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