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JK vê a construção de Brasília: marco na economia do país. | Divulgação
JK vê a construção de Brasília: marco na economia do país.| Foto: Divulgação

Entra em cartaz nesta semana em Curitiba o documentário Um Sonho Intenso, que pretende contar a história da economia brasileira entre a década de 1930 e o governo Lula. O filme costura uma série de entrevistas com economistas e historiadores na tentativa de explicar as transformações pelas quais a economia do país passou em nove décadas.

O pecado original do documentário dirigido por José Mariani é justamente o formato, em que a escolha dos entrevistados substitui a pesquisa histórica. Estão em cena personalidades conhecidas da esquerda, como os economistas Carlos Lessa, que presidiu o BNDES no primeiro governo Lula, Maria da Conceição Tavares e Luiz Gonzaga Belluzzo, ambos ligados à política de esquerda no Brasil.

A narrativa é construída de forma linear, com análises sobre os sucessivos governos brasileiros, de Vargas a Lula, e não investiga de forma aprofundada nenhum tema do período abordado. A história ali contata é basicamente a de um país cuja política econômica foi construída e reconstruída ao longo dos anos por uma elite conservadora, com um ou outro acordo com outras classes.

Nem mesmo a Constituição de 1988 teria cortado completamente esse vínculo com o passado cafeeiro, já que suas conquistas sociais foram logo em seguida abafadas pela chegada do neoliberalismo nos anos 90.

Com linguagem simples e sem recorrer a números para defender argumentos, Um Sonho Intenso tem o mérito de não ser hermético. A simplicidade, no entanto, transforma as quase duas horas do documentário na citação de fatos históricos que dificilmente serão desconhecidos de um espectador mais atento. Estão lá o desenvolvimentismo de Vargas e Juscelino Kubitschek, o milagre e a crise econômica do período militar, a hiperinflação, os planos econômicos e os programas sociais dos anos 2000.

Todos esses fatos são rodeados de comentários e interpretações que ganhariam se houvesse espaço para contestações. Um exemplo é como são apresentadas as privatizações dos anos 90. Seriam uma imposição desnecessária feita pelo capital estrangeiro a um país com a economia recém-estabilizada, segundo o filme. A situação financeira deficitária das estatais e a qualidade duvidosa de produtos e serviços não entra em questão.

Um Sonho Intenso é dirigido por José Mariani, que também rodou um filme sobre Celso Furtado, economista que provavelmente se sentiria confortável em dar seu depoimento no documentário que chega agora ao cinema. Em Curitiba, ele entra em cartaz no dia 14, no Espaço Itaú de Cinema.

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