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Possível crise na Rússia levou investidores a procurar ativos mais seguros, como iene e bônus dos EUA | Marcos Santos/USP Imagens
Possível crise na Rússia levou investidores a procurar ativos mais seguros, como iene e bônus dos EUA| Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Desvalorização

A desvalorização do real frente ao dólar é vista com bons olhos pelos exportadores. Mas, na visão da Confederação Nacional da Indústria (CNI), para dar competitividade ao setor, o ideal é que o dólar fique ainda mais caro. "As reformas necessárias vão levar ainda muitos anos. Então o que pode fazer com que tenhamos competitividade [no curto prazo]? Câmbio e juros. O dólar deveria estar hoje mais perto de R$ 3 do que de R$ 2,70", afirmou ontem Robson Andrade, presidente da CNI. Ele disse, contudo, que é preciso um câmbio estável. Em 2014, a indústria deve fechar o ano com retração de 1,5%, estima a entidade.

O dólar voltou a subir de forma acentuada ante o real e fechou ontem no maior nível em mais de nove anos, impulsionado pela aversão ao risco que se espalhou nos mercados financeiros, depois que a continuidade da queda dos preços do petróleo favoreceu um ataque especulativo contra a moeda da Rússia.

No fim do dia, o dólar fechou com alta de 2,01%, aos R$ 2,7410, marcando o maior patamar de encerramento desde 23 de março de 2005 (R$ 2,7500). Nas últimas cinco sessões, o dólar acumulou alta de 5,63%.

O Banco Central russo tentou conter a queda livre do rublo com uma medida drástica: elevou a taxa de juros do país de 10,50% para 17%. No entanto, o esforço foi em vão, já que a moeda chegou a perder mais de 20% de seu valor em relação ao dólar mais cedo, intensificando preocupações com uma possível crise financeira no país. O efeito nulo da ação levou o governo russo a dizer que adotará outras medidas para tentar manter a estabilidade financeira.

"Pegou todo mundo de surpresa. Isso gerou um ‘reboliço’ no mercado. Tem um impacto psicológico da elevação [do juro básico] na Rússia. O mercado, a princípio, temeu que pudesse haver uma ‘guerra’ entre os emergentes para deixar seus retornos de juros mais atraentes para os estrangeiros", disse Elad Revi, analista da Spinelli Corretora.

Apesar das declarações, os investidores se mantiveram céticos sobre a capacidade da Rússia em administrar a crise e se refugiaram em ativos considerados seguros, como iene e os bônus dos EUA. Indicadores econômicos fracos na China e na Alemanha também contribuíram para o sentimento negativos dos investidores mais cedo. O índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) industrial da China caiu para 49,5 em dezembro, o menor nível em sete meses, de 50,0 em novembro, de acordo com o banco HSBC. O PMI composto alemão recuou em dezembro para 51,4, marcando o menor nível em 18 meses.

BC

No mercado de câmbio doméstico, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, tentou acalmar os investidores ao indicar que os leilões diários de swap continuarão em 2015. As declarações levaram o dólar a reduzir pontualmente a alta, mas a pressão do exterior acabou prevalecendo sobre os negócios. Na máxima do dia, a cotação chegou a R$ 2,760.

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