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Bolsa em queda

A Bolsa de Valores encerrou o dia em queda, puxada por recuos nas ações da Vale e Petrobras. O Ibovespa, seu principal índice, cedeu 1,52%, e foi aos 55.962 pontos. Trata-se do menor nível desde 14 de agosto, um dia após a morte de Eduardo Campos, o então candidato do PSB ao Planalto.

Com a tragédia, a Bolsa passou a ser impulsionada por Marina Silva, substituta de Campos, que cresceu significativamente nas pesquisas eleitorais. Contudo, como os estudos mais recentes apontam que a disputa voltou a se acirrar entre Marina e Dilma, o mercado financeiro retrocedeu e acabou devolvendo praticamente todos os ganhos.

Nesta quinta-feira, a queda foi um reflexo das expectativas dos investidores em relação à divulgação da pesquisa Datafolha, marcada para esta sexta-feira (26)."A Bolsa segue marcada por essa questão eleitoral e as pesquisas continuam pressionando", afirma João Brügger, analista da Leme Investimentos.

Com isso, as ações da Petrobras, uma das companhias mais afetadas pela volatilidade eleitoral, caíram. Os papéis ordinários da petroleira, que dão direito a voto, cederam 1,41% para R$ 18,82. Já os preferenciais, que têm maior liquidez, caíram 1,92% e foram a R$ 19,84 cada.A Vale, por sua vez, foi afetada por um novo recuo do preço do minério de ferro, que foi a US$ 78,60 a tonelada, e dados sobre a demanda da China por aço. O consumo aparente do produto no país, que é o maior consumidor e produtor da liga, caiu 1,9% em agosto em relação a igual período de 2013, para 61,9 milhões de toneladas. Foi o primeiro recuo desde os anos 2000.

As ações ordinárias da mineradora tiveram queda de 1,04% no pregão, sendo negociadas a R$ 27,35. Já as preferenciais caíram 0,61%, a R$ 24,25 cada.

Outro destaque negativo foi os papéis do Banco do Brasil, que têm sido afetados pela decisão do governo federal de utilizar R$ 3,5 bilhões do Fundo Soberano para tentar cumprir a meta do superavit primário este ano. As ações do banco caíram 3,60%, cotadas a R$ 28,92 cada.

O dólar comercial recuperou as perdas registradas no último pregão e superou o patamar de R$ 2,43 nesta quinta-feira (25), apesar da atuação mais intensa do Banco Central para conter a desvalorização do real. Utilizado em transações de comércio exterior, a moeda avançou 1,92% e fechou o dia cotada a R$ 2,430 - maior patamar desde o dia 3 de fevereiro. Já o dólar a vista, referência para negociações do mercado financeiro, teve variação positiva de 0,83%, a R$ 2,421.

O dólar subiu amparado por dados da economia dos Estados Unidos, que indicam uma possível melhora no mercado de trabalho do país. Segundo informou o Departamento de Trabalho norte-americano nesta quinta, foram registrados 12 mil novos pedidos de auxílio desemprego na última semana. O número veio abaixo do esperado pelos analistas, e portanto, foi bem recebido pelo mercado financeiro. "Nos dados de hoje dos Estados Unidos, tivemos uma pequena melhora. Então isso volta a fazer uma pressão sobre a moeda", afirma Fabiano Rufato, gerente sênior da Western Union.

A moeda americana está sensível aos dados do mercado de trabalho após a presidente do Federal Reserve (banco central do país), Janet Yellen, afirmar que esses indicadores são importantes para determinar se os Estados Unidos estão preparados para aumentar sua taxa de juros antes do previsto.

Além disso, o Bank of England sinalizou que poderá elevar a taxa básica de juros do Reino Unido em breve. A decisão de Londres pode influenciar o Fed a adotar política monetária similar antes do previsto. O mercado, por enquanto, espera que os Estados Unidos comecem a elevar seus juros no primeiro semestre de 2015. "Há uma correlação direta [entre as decisões]. Qualquer medida de um banco central em países que são importantes no mundo globalizado com certeza tem impacto nas cotações de moedas no mundo todo", diz Rufato. O analista afirma que os impactos desse processo, portanto, também são sentidos no Brasil.

Queda de braço

Para conter a volatilidade do dólar, o BC reforçou o seu programa de intervenção diária no mercado de câmbio. Desde agosto de 2013, a autoridade monetária oferecia diariamente 4.000 novos contratos de swap cambial, que equivalem a venda futuras de dólares, e adiava o vencimento de 6.000 outros acordos do tipo.

Nesta semana, o BC manteve a oferta de novos contratos, mas aumentou o número de papéis rolados para 15 mil. Essa segunda operação, que antes somava US$ 300 milhões por dia, agora tem média de US$ 750 milhões. "Ainda que o Banco Central esteja ofertando mais contratos de swap [cambial], ele não tem conseguido segurar a escalada da moeda [americana]", afirma Rufato, da Western Union.

Isso porque o dólar tem se beneficiado do contexto externo para avançar ante diversas divisas. Alguns dos principais fatores são as tensões geopolíticas na Ucrânia e na Síria, além de uma possível desaceleração industrial na China.

No Brasil, o cenário é agravado pela corrida eleitoral que, a poucos dias das urnas, segue tecnicamente empatada entre Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PSB), segundo pesquisas de intenção de voto divulgadas nesta semana.

Diante desse contexto de incertezas, parte do mercado prefere investir em opções de menor retorno financeiro em troca de segurança. "Vemos basicamente uma fuga para ativos mais seguros. Estamos vendo o ouro se valorizando, as Bolsas em queda e uma corrida para os treasuries [títulos da dívida dos EUA] e o dólar", afirma Luis Gustavo Pereira, estrategista da Guide Investimentos.

Nesta quinta-feira, a intervenção do BC no mercado de câmbio consistiu na oferta de 4.000 novos contratos de swap cambial, no valor de US$ 198,2 milhões, além da rolagem de 15 mil contratos que somam US$ 739 milhões.

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