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Veja a variação do PIB brasileiro entre 2009 e 2010 |
Veja a variação do PIB brasileiro entre 2009 e 2010| Foto:

Número de 2009 é revisado para baixo

O IBGE informou ontem que o PIB de 2009 foi revisado de -0,2% para -0,6%. Ou seja, a retração sofrida pela economia no ano passado, a primeira desde 1992, foi mais forte que a divulgada inicialmente.

O coordenador de contas nacionais do IBGE, Roberto Olinto, disse que a revisão ocorreu especialmente porque, a cada ano, no terceiro trimestre, há uma reestimativa das contas já definidas, com incorporação de nova base de dados de 2008. Segundo ele, além das novas ponderações por causa das novidades nos dados de 2008, houve algumas mudanças metodológicas.

Expansão maior

A revisão dos números de 2009 tem efeito sobre os de 2010. Como a base de comparação ficou mais fraca, o crescimento deste ano será maior, por puro efeito estatístico. O economista-chefe da Máxima Asset Management, Elson Teles, disse ontem que passou a trabalhar com uma previsão de crescimento de 7,7% para a economia nacional, contra uma expectativa anterior de expansão de 7,3%. O governo federal, por sua vez, espera um avanço de até 8% para este ano.

Agência Estado

Repercussão

Resultado pode ajudar BC a não subir juro em 2011

A desaceleração do crescimento do país reforça a tese de que a inflação está forte devido a um choque de oferta de alimentos, de acordo com o economista-chefe da consultoria LCA, Braulio Borges. Segundo ele, a tendência é de o crescimento avançar de forma moderada de outubro a dezembro, com expansão próxima a 0,8% ante o terceiro trimestre.

"O nível de atividade sem pressões e as medidas adotadas pelo Banco Central na semana passada, que vão diminuir muito as vendas de produtos duráveis pelo crediário, devem dar condições para que o Copom [Comitê de Política Monetária, do Banco Central] aumente os juros somente em março ou talvez nem precise fazê-lo em 2011", disse o economista.

Essa avaliação não é compartilhada pelo mercado financeiro. Até a semana passada – antes, portanto, da divulgação da forte inflação de novembro –, a expectativa média apontava para uma alta de 1,5 ponto porcentual no juro básico ao longo do próximo ano. A Selic subiria, assim, dos atuais 10,75% para 12,25% ao ano.

Na avaliação de Borges, o mais provável é que o Copom aumente os juros em 0,50 ponto nas reuniões de março e abril, levando a taxa a 11,75%. Mas, para o economista, como a alta da inflação nos últimos dois meses está bastante relacionada com o encarecimento dos alimentos, um redução dos preços deles no início de 2011 vai colaborar para que o IPCA baixe de forma expressiva.

Agência Estado

Investimento segue em alta e consumo volta a acelerar

A taxa de investimento do país manteve a trajetória de expansão no terceiro trimestre. No período, os investimentos representaram 19,4% do total movimentado pela economia, contra 17,9% em igual período de 2009. O porcentual mais recente ainda está abaixo, no entanto, dos 20,6% verificados de julho a setembro de 2008, pouco antes da crise.

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A indústria e a agropecuária frea­ram o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre, informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As duas atividades tiveram retração de, respectivamente, 1,5% e 1,3%, limitando assim o crescimento da economia brasileira a apenas 0,5% sobre o trimestre anterior, em linha com a maioria das expectativas de analistas econômicos. Dos três setores avaliados pelo lado da oferta, apenas o de serviços – que inclui o comércio – cresceu entre julho e setembro (1%).

Nas medições anteriores, o PIB vinha registrando avanços próximos de 2% sobre o trimestre imediatamente anterior. A economia brasileira perdeu ritmo também na comparação com o mesmo período do ano passado. Embora expressiva, a expansão de 6,7% sobre o terceiro trimestre de 2009 é mais fraca que as observadas de janeiro a março (9,3%) e de abril a junho (9,2%).

Os dados dão força à tese de que o real valorizado está prejudicando a indústria brasileira, ao limitar as vendas ao exterior e ao estimular importações. Enquanto as exportações cresceram 2,4% no terceiro trimestre, em relação ao segundo, as compras externas aumentaram 7,4%. Na comparação com o terceiro trimestre de 2009, as importações saltaram 40,9% – a maior alta da série histórica do PIB, iniciada em 1996.

Para Sérgio Vale, economista-chefe da consultoria MB Associados, a indústria está sendo prejudicada pela conjuntura externa. "Quando se coloca o câmbio apreciado num cenário em que os custos trabalhistas têm crescido, gera-se um prejuízo para a produção industrial. Isso fará com que o PIB industrial também continue a andar de lado, afetando inclusive o PIB geral."

Deslocamento

O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) alertou, em nota, para um deslocamento da produção. "O que está em jogo – e é bom que este ponto seja frisado – não é mais uma mera complementação de oferta interna de bens e serviços propiciada pelas importações, o que é, em si, normal em qualquer economia do mundo e é útil para acomodar os ritmos de crescimento da demanda e da oferta. Por trás da grande evolução das importações, há um deslocamento da produção doméstica pela produção externa", destaca.

Por outro lado, o economista Alcides Leite, professor de Mercado Financeiro e Economia Brasileira na Trevisan Escola de Negócios, considera precipitada a interpretação de que ocorre uma desindustrialização no país. "Nem tudo o que é importado concorre com a indústria nacional. Máquinas e equipamentos comprados de fora são importantes para a economia brasileira. Nossa indústria ainda está em um bom nível de uso de capacidade instalada, e normalmente o primeiro semestre semestre é melhor para o setor", comenta. Leite atribui a desaceleração do PIB a fatores metodológicos. "A base de comparação foi mais alta, pois como o crescimento já está forte, é natural que haja uma diminuição no aumento do PIB."

Entressafra

Na agropecuária, a queda de 1,5% no PIB no terceiro trimestre de 2010 em relação ao trimestre anterior ocorreu principalmente porque a soja e o milho, as duas culturas de maior peso no setor agrícola do país, não estão em fase de cultivo no terceiro trimestre. As duas commodities tinham impactado positivamente os resultados de abril a junho, explicou o coordenador de contas nacionais do IBGE, Roberto Olinto.

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