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O dólar subiu pelo terceiro dia seguido nesta sexta-feira, terminando o instável mês de setembro com a maior valorização mensal em nove anos. A moeda norte-americana fechou a R$ 1,88 real para venda, com alta de 2,09 % ante quinta-feira.

No mês, o dólar acumulou valorização de 18 %, a maior variação mensal desde setembro de 2002, quando avançou 24,75 % em meio à campanha presidencial que elegeu Luiz Inácio Lula da Silva pela primeira vez. No pior momento da crise de 2008, também em setembro, o dólar teve alta de 16,8 %.

No trimestre encerrado em setembro, a valorização acumulada do dólar ante o real é de 20 %.

A disparada da moeda norte-americana foi provocada pelo medo crescente de um calote na Grécia, que poderia pôr em risco, de acordo com as previsões mais pessimistas, a própria integridade da zona do euro.

A desaceleração da economia global também pesou. As commodities, cujos preços refletem a expectativa de demanda nas principais economias do mundo cujo comportamento é bastante relacionado ao real, caíram 13 % no mês, pior desempenho para o período desde outubro de 2008.

Fatores locais como a queda surpreendente da Selic, hoje em 12 % ao ano, e as dificuldades impostas pelo governo à venda de dólares no mercado futuro alimentaram o movimento. No momento mais agudo do mês, o dólar chegou a R$ 1,95.

O que esperar de outubro

A chave para o desempenho do câmbio no próximo mês continua a ser o mercado internacional. "As economias global e locais estão prestes a entrar em uma nova fase", escreveu o analista da corretora Raymond James Mauricio Rosal. "Qualquer previsão está sujeita a níveis incomuns de incerteza."

Na opinião do Citigroup, "a queda das commodities e o aumento da aversão a risco sugerem que parte da recente queda do real se prove mais persistente". O banco elevou de R$ 1,70 para R$ 1,82a previsão do dólar no final do ano.

Na agenda internacional, em outubro está o relatório dos credores internacionais da Grécia, que decidirão se o país poderá receber a próxima parcela da ajuda e com isso evitar um calote. Os investidores também aguardam a votação em vários parlamentos nacionais de mudanças no fundo europeu de combate à crise. As medidas foram combinadas pelos países em julho.

Banco central pronto para reagirA possibilidade de que o dólar dispare novamente no caso de um agravamento da crise global bate de frente com a disposição do governo em evitar uma volatilidade muito brusca no câmbio.

Em setembro, o BC interrompeu a compra de dólares no mercado à vista e vendeu contratos de swap tradicional - que equivale a uma venda de dólares no mercado futuro - no momento mais agudo do mês, prometendo agir novamente se identificasse problemas semelhantes de liquidez.

Existe ainda a possibilidade de que o governo reduza a zero a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) cobrado dos derivativos cambiais. Segundo uma fonte da equipe econômica, a mudança já está engatilhada, mas depende de uma piora do estresse nos mercados globais.

A aversão a risco provocou ajustes dos investidores estrangeiros nos mercados de derivativos e dos bancos no mercado à vista. Com o ajuste realizado, é possível que o dólar sofra uma menor pressão de alta neste mês, disse o economista-chefe da corretora BGC Liquidez, Alfredo Barbutti.

"A posição técnica melhorou muito", disse o economista.

O país não registrou fuga de capitais em setembro. O dado mais recente, até o dia 23 de setembro, mostrava entrada líquida de 8,084 bilhões de dólares no mês.

A agenda local, no entanto, ainda reserva a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em 18 e 19 de outubro. Se a taxa de juros for reduzida em mais de 0,5 ponto percentual, além do que o mercado espera, a tendência de valorização do dólar pode ganhar fôlego, avaliam operadores.

A taxa Ptax, calculada pelo Banco Central e usada como referência para os ajustes de contratos futuros e outros derivativos de câmbio, fechou a R$ 1,85 para venda, em alta de 1,38 % ante quinta-feira.

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