O dólar comercial mantém o ritmo de alta na tarde desta terça-feira (28). Às 14h35, a moeda americana tinha valorização de 2,30%, a R$ 2,219 na compra e R$ 2,221 na venda. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) apresentava estabilidade, com ligeira queda de 0,03%, para 37.628 pontos (volume financeiro de R$ 1,247 bilhão).
O Ibovespa acompanha Nova York onde Dow Jones tem alta de 0,21% e Nasdaq elevação de 0,44%. Entre as ações mais negociadas na Bovespa há pouco estavam Petrobras PN, Bradesco PN e Usiminas PNA. As principais baixas eram de Unibanco UNT (4,88%), Cesp PN (4,38%) e Cemig PNB (2,85%). Subiam Telesp PN (5,57%, Sid Nacional ON (4,30%) e Klabin PN (3,58%).
Os investidores aguardam a decisão do Federal Reserve, o Banco Central americano, sobre a taxa de juro nos Estados Unidos. Mais do que a alta neste mês eles querem saber se o presidente do Fed, Ben Bernanke, dará pistas sobre a condução da política monetária daqui para a frente, já que alguns dias atrás ele deu a entender que o aperto continuará.
Silvio Campos Neto, economista-chefe do Banco Schahin, disse que os investidores também estão de olho hoje na alta do petróleo no mercado internacional. Os preços estão subindo com força nesta terça-feira com as preocupações sobre a produção dos grandes produtores. No Brasil, continua a repercussão sobre a troca do comando no Ministério da Fazenda e a expectativa sobre a continuidade da política econômica que vinha sendo adotada pelo ex-ministro Antônio Palocci, que deixou o cargo ontem.
O mercado financeiro vê com reticência o novo ministro da Fazenda, Guido Mantega, que tomará posse nesta tarde, em Brasília. Para o economista-chefe da Sul América Investimentos, Newton Rosa, a volatilidade continuará enquanto os investidores não conhecerem exatamente como será o governo Mantega. A outra dúvida é com relação à equipe econômica e como vai ficar o Banco Central nesse nova gestão, ou seja, que tipo de relacionamento Mantega terá com Henrique Meirelles, presidente do BC. Se houver mudanças, a curva de juros, com certeza, não será a mesma de hoje, segundo o economista.
- Enquanto isso não se definir, o mercado ficará desconfiado e terá uma postura conservadora - disse Rosa.
Silvio Campos Neto, economista-chefe do Banco Schahin, disse que fica a incerteza sobre a continuidade da política econômica e a expectativa sobre a recomposição da estrutura da equipe, de assessores diretos de Antônio Palocci. No entanto, ele não acredita em uma mudança muito drástica, principalmente com a proximidade das eleições. Segundo Neto, haverá volatilidade, mas não tumulto nos mercados.
- O desafio que se coloca ao novo ministro Guido Mantega é a conquista da credibilidade. Por isso, não é razoável imaginar mudanças significativas na condução da política econômica, mas, pelo contrário, maior rigor na gestão pelo novo titular - disse Sidnei Moura Nehme, diretor da Corretora NGO.
Para Nehme, a conquista da credibilidade pode impor ao novo ministro menor condição de flexibilizações que seriam aceitas por parte do seu antecessor. A preocupação é que Mantega era nos últimos meses, durante a sua gestão no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) um grande defensor do afrouxamento da política monetária.
- A postura dos gestores depende muito do lugar onde estão no momento. Mantega não era crítico da política econômica quando era ministro do Planejamento. Isso aconteceu depois que ele foi para o BNDES - disse Nehme, acrescentando que a agilidade na montagem da nova equipe será fundamental neste momento.
O primeiro teste de Mantega será na quinta-feira na reunião do Conselho Monetário Nacional que definirá a nova TJLP. Como presidente do BNDES Mantega havia sugerido redução dos atuais 9% ao ano para 7%. A expectativa é que agora, com direito a voto, seja mais comedido na definição.
Mesmo sabendo que Guido Mantega é favorável ao relaxamento monetário, o que significa queda das taxas de juros, o mercado vai primeiro, segundo analistas, ajustar os índices futuros para depois trazer as taxas para baixo novamente.



