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São Paulo - O movimento de aversão ao risco por causa do temor de default grego fez com que os investidores se protegessem no dólar. Depois de sofrer uma rodada de stop loss durante a manhã, que levou o dólar a bater a máxima intraday de R$ 1,7970 no balcão, assustando os investidores, a moeda desacelerou um pouco a alta no começo da tarde e intensificou o movimento perto do fechamento, com a redução do nervosismo externo. O dólar no balcão encerrou a R$ 1,7740 (+2,54%), cotação que não era vista desde 21 de julho de 2010, quando atingiu R$ 1,7850. A alta do dólar ainda beneficiou a Bovespa ao ajudar os papéis das empresas exportadoras. As blue chips subiram primeiro, seguidas das siderúrgicas, que avançaram mais.

A desvalorização do real deverá ganhar força no curto prazo, segundo analistas internacionais. "Como estou pessimista em relação aos problemas da zona do euro, eu vejo uma maior pressão para desvalorização não apenas do real, mas também de outras moedas de países emergentes", disse Win Thin, diretor de pesquisa para mercados emergentes da Brown Brothers Harriman em Nova York. Segundo ele, o real e outras moedas emergentes deverão voltar ao patamar de maio de 2010, quando estourou pela primeira vez o problema da dívida da Grécia. Na ocasião, a cotação chegou a R$ 1,91. Ele acredita que o câmbio poderá bater nesse nível nas próximas três semanas.

"Normalmente, o real estava conseguindo atravessar turbulências recentes melhor do que outras moedas latino-americanas em razão da perspectiva de crescimento da sua economia e até mesmo porque o IOF é tão alto que os investidores ficavam relutantes em sair dos ativos brasileiros, pois ficaria muito caro para voltar ao Brasil", disse Eduardo Suarez, estrategista de câmbio para América Latina do Scotia Capital, em Toronto. "Mas agora eu vejo um certo grau de fadiga dos investidores internacionais por causa da constante intervenção do governo brasileiro [com as medidas de controle de capital], o que deixa muito difícil prever o que acontecerá a seguir", explicou. Ele acredita que o dólar poderá chegar a R$ 1,90 nas próximas três a quatro semanas.

A desvalorização do real também tem como motivo o recente corte da taxa Selic em 0,50 ponto porcentual para 12%, que surpreendeu o mercado, segundo Thin. "Os mercados estão punindo os países que cortaram as taxas de juros visando enfraquecer as suas moedas, como o Brasil e a Turquia", explicou o estrategista.

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