A entrada de dólares no país se manteve e fez a moeda norte-americana fechar em leve baixa nesta sexta-feira (14), ofuscando a inquietação no exterior com os problemas relacionados ao setor de crédito.
A divisa caiu 0,16% e terminou cotada a R$ 1,902. Foi a quarta baixa consecutiva do dólar, que acumulou queda de 2,26% na semana.
Os mercados internacionais se assustaram nesta sexta-feira com a notícia de que a Northern Rock , uma concessora de hipotecas da Grã-Bretanha, tomou um empréstimo emergencial no banco central do país para manter suas operações.
As ações da instituição, vítima mais recente da turbulência nos mercados globais de crédito, caíram 31% em Londres e arrastaram junto as ações européias.
O dólar, porém, sentiu o efeito do susto no exterior apenas nos primeiros minutos de pregão. A breve valorização da moeda atraiu vendedores, e logo a cotação cedeu abaixo de R$ 1,90. Somente no final da sessão a moeda limitou a intensidade da queda, acompanhando uma piora em Wall Street e na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).
"Aqui a tendência continua para baixo. O fluxo é muito forte", disse Rodrigo Nassar, gerente da mesa financeira da Hencorp Commcor Corretora.
Enxurrada
Além dos dólares trazidos pelo setor produtivo - por meio de exportações e investimentos diretos, há a entrada de moeda por meio de operações financeiras. Segundo o operador, a perspectiva de queda do juro norte-americano e a sinalização de fim dos cortes no Brasil aumenta o interesse pelo país.
"Quando você tem seu dinheiro, você vai aplicar onde tem juros maiores. Se lá fora está caindo e aqui a tendência é de parar de cair e manter (o juro), ele (investidor) não vai ficar com o dinheiro onde tem menos rendimento", disse Nassar.
De acordo com Carlos Alberto Postigo, operador de câmbio da corretora Action, a expectativa de redução do juro norte-americano no dia 18 também mexe com a dinâmica do mercado futuro, aumentando a pressão pela queda do dólar.
Muitos investidores que tinham posição comprada em dólar --esperando uma alta da moeda em meio à turbulência iniciada em julho-- estão atuando na ponta inversa e realizando venda futura de dólares, apostando cada vez menos num repique da taxa de câmbio. No auge da tensão, na metade do mês passado, o dólar chegou a superar R$ 2,10.



