São Paulo - O dólar fechou abril com a maior queda mensal em mais de 2 anos e meio, com a percepção dos investidores de que o pior da crise pode ter ficado para trás.
Para os próximos meses, o foco deve ser a busca por mais sinais de melhora econômica, mas com o mercado ainda cauteloso, disseram operadores.
A moeda norte-americana fechou a quinta-feira (30) a 2,182 reais, em alta de 0,51 por cento. No mês, o dólar acumulou depreciação de 5,9 por cento, baixa mais forte desde setembro de 2007, quando a divisa caiu 6,5 por cento.
"Lá fora o cenário está melhor, mas eu acredito que o nosso problema do dólar tinha menos que ver lá fora e muito mais que ver aqui dentro", considerou Sidney Moura Nehme, diretor executivo e economista da NGO Corretora de Câmbio.
O mês de abril foi marcado pela forte redução das apostas de alta no mercado futuro de dólar, fator apontado por operadores como de forte pressão sobre o mercado de câmbio doméstico desde o agravamento da crise em meados de outubro do ano passado.
Das máximas, que ultrapassaram 14 bilhões de dólares, as posições compradas dos investidores estrangeiros no mercado de dólar futuro se reduziram em mais da metade, somando pouco mais de 5 bilhões de dólares na véspera, segundo os dados mais recentes disponibilizados pela BM&F.
Nesse contexto, Mario Battistel, gerente de câmbio da Fair Corretora, avalia que o dólar trocou de patamar, procurando o equilíbrio em torno de 2,20 reais.
Contribuindo com a perda de força da moeda norte-americana no mercado doméstico, as bolsas de valores globais também apresentavam resultados mensais bastante positivos.
Apesar da perda de força durante a tarde, o Ibovespa chegou a ensaiar ao longo do dia a maior alta mensal desde outubro de 2002 e o índice norte-americano S&P 500, a melhor em quase uma década.
O principal índice de ações europeu, por sua vez, efetivamente apresentou em abril seu melhor desempenho mensal já registrado.
Operadores apontaram que apesar das perspectivas mais positivas, os mercados domésticos devem continuar a monitorar o noticiário externo e a cautela ainda deve estar presente entre os investidores.
"O Brasil deve continuar recebendo dinheiro e a atividade econômica deve continuar se recuperando, mas temos ainda alguns temores (sobre os efeitos da crise)", previu Nehme.



