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Luxo Encalhado

Donald Trump quer vender “apê” para brasileiros

Magnata quer atrair investidores para prédio de luxo de Nova York cujas vendas não deslancharam com a crise. Preço inicial é de R$ 1,74 milhão

Fachada do Trump Soho Condominium, em Manhattan, Nova York | Divulgação
Fachada do Trump Soho Condominium, em Manhattan, Nova York (Foto: Divulgação)

O bilionário americano Donald Trump está apostando nos investidores brasileiros para desencalhar as vendas dos apartamentos e coberturas do Trump Soho Condominium, um megaprédio de luxo localizado no coração de Manhattan, em Nova York, e inaugurado em abril de 2010. Lançado em meio ao estouro da bolha imobiliária, em 2008, o empreendimento, de 391 unidades, vendeu apenas 97 até agora.

Nos últimos 18 dias, o empreendimento foi apresentado a investidores de seis capitais – São Paulo, Brasília, Bahia, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Curitiba. Ses­senta unidades estão disponíveis para serem vendidas no Brasil. Os preços variam de US$ 860 mil (estúdios e apartamentos de um dormitório) a US$ 6,6 milhões (coberturas).

O interesse pelos milionários locais tem explicação. Com a crise nos Estados Unidos, a queda nos preços dos imóveis e a valorização do real, os brasileiros invadiram o mercado imobiliário norte-americano. "O Brasil já é o maior comprador de imóveis na Flórida, seguido pela Venezuela, Argentina, Rússia e, em menor escala, o Canadá", diz Christiane Brooks, proprietária da Chris Brooks Realty, empresa responsável pelas vendas no Brasil.

Desde o estouro da crise, os preços dos imóveis caíram entre 30% e 40%, segundo ela. "No mercado de Miami, que é muito procurado pelos brasileiros, os preços caíram mais rapidamente que em Nova York, onde agora começam a ter queda mais expressiva", diz. Quando foi lançado, o empreendimento tinha preço do metro quadrado na faixa de US$ 3 mil, valor que caiu para US$ 1,8 mil, US$ 2 mil, atualmente, segundo Yan Paoli Sanchez, diretora de vendas da Prodigy Network, empresa que representa o grupo Trump.

No modelo condo-hotel do SoHo Hotel Condominium, o proprietário tem direito a usar o imóvel por 120 noites por ano. No período restante, o imóvel é ocupado por hóspedes do hotel. "Ele é o nono maior hotel de Nova York e tem um índice de ocupação de 88% a 98%", diz Chris Brooks. Segundo ela, o retorno líquido do investidor é de 3,8% a 4,5% ao ano. O interessado tem de pagar uma entrada equivalente a 40% do valor do imóvel.

Luxo

Com 46 andares, o empreendimento está localizado na esquina das ruas Spring e Varick, no Soho, uma das regiões mais valorizadas de Nova York, perto de lojas de grifes como Chanel, Burberry e Louis Vuitton.

As unidades, que têm vista panorâmica da cidade, são mobiliadas pela marca italiana Fendi. Os banheiros são revestidos de mármore. Os armários são de nogueira com metais de bronze e ébano de Macassar e as roupas de cama são de algodão egípcio de 300 fios. Na parte externa, o condomínio tem fachada de cristal criada pela Handel Architects, líder mundial em projetos de hotéis, residências e usos mistos. O empreendimento ainda oferece um spa, com 11 mil metros quadrados.

Essa é a segunda vez que o Trump SoHo é apresentado a investidores brasileiros. No ano passado, recorreu à Piquet Realty, imobiliária comandada por Cristiano Piquet, sobrinho do tricampeão de Fórmula 1 Nelson Piquet. Em Curitiba, a Chris Brooks fechou um acordo com a Brasil Brokers para a apresentação do empreendimento.

Após cinco anos, mercado dos EUA inicia retomada

A empresária brasileira Chris Brooks, que trabalha há 15 anos no mercado imobiliário norte-americano, chegou a ficar um ano e dois meses sem vender um único imóvel no pior período da crise imobiliária do país.

O mercado ficou praticamente cinco anos sem fazer novos lançamentos, mas agora começam a surgir alguns novos empreendimentos. "Há sinais de retomada", diz. Dos 18 mil imóveis em estoque gerados pelos estragos provocados pela bolha imobiliária desde 2007 no Sul da Fórida, ainda restam 3 mil para serem vendidos. "Na época, muitos corretores, sem emprego, foram trabalhar como caixas de supermercado", relata. A empresária foi uma das pioneiras na venda de imóveis para brasileiros no mercado norte-americano e viu na combinação de queda de preços dos imóveis e o dólar favorável a receita para consolidar a estratégia nos últimos três anos. "De lá para cá já vendi mais de 100 imóveis para brasileiros", diz.

Em Nova York, o Trump SoHo é um exemplo da crise imobiliária americana. O empreendimento foi 100% vendido na planta, em 2007, mas a maioria dos clientes não conseguiu crédito para financiar a aquisição após a entrega das chaves. Os compradores pagaram 20% do valor do imóvel no ato da venda e, pelo contrato, precisariam quitar o débito assim que o imóvel ficasse pronto, à vista ou com crédito imobiliário.

Em dezembro de 2010, o CIM Group (fundo de investimento imobiliário, com sede em Los Angeles) investiu cerca de US$ 85 milhões para reduzir parte dos débitos com a iStar Financial e renegociou o restante das dívidas, e o projeto foi retomado.

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