
Leiloado há pouco menos de dois anos, o imóvel que abriga o Shopping Total, no bairro Portão, em Curitiba, vai novamente a leilão no início do mês que vem. O lance mínimo será de R$ 144 milhões.
Apenas uma reviravolta pode evitar a realização do certame: a compra do local pelo empresário Salomão Soifer, dono dos shoppings Mueller e Pátio Batel. Soifer descarta essa possibilidade, mas seu suposto interesse tem sido usado pelos proprietários do Total na tentativa de evitar o novo leilão.
O imóvel, que pertence à massa falida da Hermes Macedo S/A, havia sido arrematado em novembro de 2014 pela G2 Consult, empresa de São Paulo ligada aos donos do shopping, Michel Gelhorn e Eduardo Bekin. A G2 se propôs a pagar o lance mínimo, de R$ 120 milhões, com entrada de 20% e o restante parcelado em 48 meses.
A empresa quitou a entrada na época, mas desde então pagou apenas a primeira parcela e o equivalente a metade da segunda. O calote levou a juíza substituta Diele Denardin Zydek, da 1.ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais, a anular o negócio no fim de setembro.
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Negociação
A G2 entrou com agravo de instrumento para retomar a posse e a administração do imóvel e impedir o leilão marcado para 4 de novembro. O desembargador Péricles Bellusci de Batista Pereira determinou, na sexta-feira (7), que a empresa poderá reassumir o Shopping Total por um período de 15 dias. Mas não suspendeu o leilão.
No recurso, a G2 mencionou uma negociação com Salomão Soifer, que estaria disposto a comprar o imóvel e assumir as parcelas pendentes. Com base nessa hipótese, a empresa se comprometeu a quitar, em 48 horas, todas as prestações atrasadas e as que irão vencer – um montante que passa de R$ 90 milhões, sem considerar juros e correção.
O desembargador determinou que a G2 faça o depósito judicial dos valores prometidos dentro de 15 dias, ou seja, até 22 de outubro. Caso ela cumpra a determinação, a massa falida da Hermes Macedo deverá dizer se aceita ou não a quitação.
A possibilidade de transferência ao Grupo Soifer já havia sido levantada em meados de setembro, quando a G2 tentava evitar o “desfazimento” do primeiro leilão. Citando dificuldades provocadas pela crise econômica e pelas restrições de crédito, os donos do Total disseram à Justiça ter buscado empresas interessadas em assumir o negócio.
Os empreendedores prepararam então um acordo de cessão de direitos ao Grupo Soifer, que teria “liquidez para pagar imediatamente as parcelas vencidas, além das parcelas remanescentes”, e pediram uma audiência de conciliação. O pedido foi negado pela juíza da 1.ª Vara de Falências, com o argumento de que o negócio contraria os interesses do processo falimentar.
Soifer nega interesse
Salomão Soifer chegou a discutir o assunto com o síndico da massa falida da Hermes Macedo, Brazilio Bacellar Neto. Mas, procurado pela Gazeta do Povo, o Grupo Soifer informou que “não está em negociação e não irá comprar o Shopping Total”.
Em meados de julho, uma empresa paulista chamada Jive Investments Consultoria também havia manifestado interesse em adquirir o imóvel, mas o pedido de negociação foi igualmente negado pela Justiça.
Às questões enviadas pela Gazeta, a administradora do Shopping Total respondeu que “está adotando todas as medidas necessárias para solucionar esta questão”. Ao longo do processo judicial, a empresa argumentou à Justiça que a “crise financeira nacional” e “os investimentos de cunho estrutural para funcionamento do shopping” – de mais de R$ 35 milhões – fizeram com que ela tivesse dificuldades para honrar as parcelas.



