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E-commerce curitibano do grupo Adsive cresceu 133% em 2016 | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
E-commerce curitibano do grupo Adsive cresceu 133% em 2016| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Apesar de ter registrado a menor taxa de crescimento dos últimos seis anos, o comércio eletrônico brasileiro resistiu à crise e deve voltar a aumentar o faturamento na casa dos dois dígitos a partir deste ano. A retomada será impulsionada pela venda através de smartphones, que chegará a um terço do total das compras feitas pela internet, e pela melhora da economia, que fará com que mais pessoas migrem do varejo físico para o digital.

Segundo relatório divulgado pela Ebit nesta quinta-feira (16), o e-commerce cresceu 7,4% em 2016 e faturou R$ 44,4 bilhões. Foi a menor taxa de evolução registrada desde o início desta década, quando o setor crescia acima de 20%. O resultado foi influenciado, principalmente, pela crise econômica, que fez com que consumidores brasileiros de baixa renda reduzissem a sua participação nas compras eletrônicas. Uma evidência disso é a inédita redução no volume de pedidos, que teve um declínio de 0,2%.

E-commerce curitibano cresce 133% em 2016

Mas, mesmo com a desaceleração, o setor foi um dos poucos da economia que conseguiu ter crescimento real durante a recessão. O volume de vendas do varejo caiu 6,2% no acumulado do ano, enquanto a redução do e-commerce foi de apenas 0,2%. Já a receita nominal do varejo subiu 4,5%, valor que ficou abaixo da inflação do período, de 6,29%.

O e-commerce continua um canal atrativo porque tem maior sortimento de produtos, é mais fácil de encontrar o que se procura e, em geral, oferece preços mais baratos

Gustavo Santos professor da Business School São Paulo (BSP)

“Obviamente que a crise fez com que o resultado do faturamento fosse de um dígito. Mas o e-commerce vive em outra dinâmica. Tem muita gente comprando pela internet atualmente, em busca de melhores condições de compra e das facilidades de usar o smartphone para fazer o pedido”, afirma Pedro Guasti, CEO da Ebit, instituição que divulga o balanço do e-commerce nacional.

No ano passado, 48 milhões de consumidores compraram através de um site de comércio eletrônico pelo menos uma vez no ano. O número representou uma alta de 22% em relação a 2015. Em média, cada pessoa fez 2,2 compras, a maioria em itens de linha dura, como celulares e televisores, o que levou o ticket médio a crescer 8% e ficar em R$ 417. E os smartphones e tablets responderam por 21,5% das transações realizadas.

Passos largos

O desempenho positivo em grande parte dos indicadores leva os analistas a acreditar que o e-commerce pode voltar a crescer a passos largos já neste ano. A Ebit projeta que o setor vai crescer 12% em 2017, com um faturamento de R$ 49,7 bilhões e aumento de 4% no número de pedidos. Já para os próximos anos, o avanço pode ser ainda maior e chegar a até 20%.

Um dos fatores que impulsionaria a retomada do setor seria o fim da recessão. “Com a retomada do crescimento [da economia brasileira] e o início da redução do desemprego, há a possibilidade de o setor voltar a crescer de 15% a 20%”, explica Guasti.

O fim da crise fará com que mais pessoas migrem do varejo físico para o digital, o que aumentaria a base de consumidores ativos, com consequente aumento do faturamento e do volume de pedidos do setor. “A gente vai perceber uma recuperação mais forte do e-commerce quando melhorar as condições para a classe C”, comenta Gustavo Santos, professor do Certificate in Sales da Business School São Paulo (BSP).

Outro fator que ajudaria na evolução do setor é o smartphone, que facilita o acesso aos sites de comérico eletrônico e agiliza a compra. O Ebit projeta que as transações através de dispositivos móveis devem chegar a 32% do total de compras feitas através da internet neste ano. “O smartphone já é um realidade. Os grandes players do mercado já mudaram para o modelo mobile first, em que você constrói o site para funcionar no celular e apenas adapta para as outras telas”, afirma Santos.

Desafios

Para continuar a crescer a taxas altas nos próximos anos, o e-commerce terá de superar dois desafios. O primeiro é a infraestrutura de internet do país. O número de linhas de celulares com tecnologia 4G deve chegar a 90 milhões neste ano, mas a conexão ainda utiliza a faixa 2,5 GHz, que tem alcance mais curto e é suscetível a obstáculos, o que diminui a velocidade. O ideal seria utilizar a faixa de 700 MHz, que está ocupada pela televisão aberta.

O segundo desafio é mudar o comportamento do consumidor e levar ele a comprar bens não duráveis pela internet. Até então, os itens mais comprados em termos de faturamento são eletrodomésticos, smartphones e eletroeletrônicos,. O ideal seria aumentar a venda das outras categorias, como alimentação e produtos de higiene pessoal.

E-commerce curitibano cresce 133% em 2016

O grupo curitibano Adsive, que trabalha com comunicação visual, papel de parede e adesivos decorativos, aproveitou o período de crise econômica para aumentar seu canal de venda. E não se arrependeu. A empresa lançou seu e-commerce em 2015 e, no ano passado, a plataforma cresceu 133% ao ver seu faturamento sair de R$ 380 mil e alcançar R$ 890 mil em 2016.

“Lançamos o e-commerce para ser apenas mais um canal de vendas, com expectativa de representar de 15% a 25% do faturamento. Em pouco tempo, o canal se destacou e hoje é responsável por 40% do faturamento do grupo”, afirma Luiz Fernando Natal, fundador e sócio da grupo Adsive.

A principal estratégia adotada para tornar a marca curitibana conhecida nacionalmente e fazer o e-commerce crescer foi a parceria com influenciadores digitais. A empresa contratou blogueiras e pessoas com vários seguidores no YouTube e nas redes sociais para divulgar os seus produtos. O foco eram os influenciadores ligados à decoração e ao movimento “Faça você mesmo”.

“Começamos enviando produtos gratuitamente para eles experimentarem. Depois, fechamos a parceria e fizemos ações com os influenciadores para mostrar que com R$350 você consegue mudar a cara de um quarto”, explica Natal.

Outra ação foi colocar um mix de produtos mais acessíveis, compatíveis com o momento econômico. Antes, os produtos custavam mais de R$ 100 e era comum o consumidor visitar a loja on-line e não fechar a compra. Depois, a empresa lançou produtos a partir de R$ 15 e conseguiu aumentar o número de visitas diárias para cerca de 7 mil.

As táticas deram resultado e fizeram a marca crescer mesmo durante a crise e acima do próprio e-commerce, que faturou R$ 44,4 bilhões em 2016 e teve alta de 7,4%. Para este ano, o comércio eletrônico da Advise projeta ter uma alta de 45% e chegar a R$ 1,2 milhão de faturamento.

Fim do varejo físico?

O varejo físico está, cada vez mais, sucumbindo ao e-commerce. Nos Estados Unidos, a Macy’s, uma das principais redes de departamento do país, anunciou que vai fechar neste ano 68 lojas e demitir 2 mil funcionários para se adaptar às novas preferências dos consumidores, que estão migrando para o on-line. A Aeropostale, outra grande rede americana, pediu falência porque teve dificuldades de se adaptar à competição on-line. Segundos dados do Business Insider Intelligence, o número de transações on-line nos EUA aumentou em 115 milhões entre 2015 e 2016 e 20 milhões de pessoas passaram a comprar pela internet no mesmo período, com o número de consumidores total do e-commerce chegando a 224 milhões de pessoas.

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