Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Segurança

“É maneira fácil de ganhar dinheiro”, diz fraudador que roubou R$ 1 milhão

Apesar de cuidados reforçados, furtos de cartão de crédito e identidade andam em alta

Londres – Por fora, Tee era um estudante comum. Morar longe da família tinha se mostrado bem caro, e ele acabou amontoando dívidas em um curto período de tempo. Assim como muitos de seus amigos, ele tinha um computador e um telefone em seu quarto – mas, ao invés de usá-los para estudar, ele os transformou em ferramentas para virar um criminoso do século XXI.

Em sua curta carreira como fraudador, Tee – que concordou em falar anonimamente e está tentando reconstruir a vida após cumprir uma longa pena na prisão – calcula que roubou por volta de 250 mil libras esterlinas (pouco mais de R$ 1 milhão), usando uma mistura de dados coletados de cartões de crédito, falsidade ideológica e controle de contas bancárias.

Oficiais da polícia britânica informaram na semana passada que o volume de crimes online é tão alto que eles não conseguem investigar todas as ocorrências e, além disso, todos os grandes criminosos estão "migrando" para esse segmento, que se expande com rapidez.

Para Tee, que ficou quase quatro anos na cadeia por conspiração e fraude, a possibilidade de usar a ignorância das pessoas a seu favor era fácil demais."Apesar de parecer meio petulante, era mais fácil do que um emprego de meio-período, porque num emprego você tem que ao menos trabalhar algumas horas" disse.

Nas "janelas" do seu cronograma de aulas no curso de Direito, ele coletava dados de cartões de crédito em sites não-seguros ou repassados por outros criminosos, e saía "torrando" em carros, roupas e até mesmo em saques em dinheiro vivo. Às vezes, detalhes mínimos como o nome completo ou o número de telefone já eram suficientes. "Eu costumava usar vários métodos diferentes, e ia avançando conforme fosse me sentindo mais confiante" reporta.

Tee, agora com 26 anos, admite que na época que foi preso andava pensando até em contrair financiamentos e empréstimos usando as identidades roubadas. "Tinha virado um jogo para ver quão longe eu ia chegar" ele disse. "O melhor da festa era pedir um cartão em nome de alguém, ‘detonar’ com o limite, ligar para o banco em 24 horas dizendo que tinha sido roubado e não tinha realizado as despesas, ser reembolsado e ir ao caixa eletrônico sacar o dinheiro do reembolso." Ele chegou até a enviar flores a uma das vítimas, usando os dados bancários roubados dela para pagar pelo buquê, como um agradecimento debochado.

Para diminuir a incidência dos crimes, as empresas estão implementando programas com segurança ainda mais reforçada e investindo na conscientização do público para o uso de internet segura. Fraudadores experientes dizem que ainda é fácil demais: mesmo o uso de senha e chip acabam se mostrando benéficas aos criminosos mais experientes.

"Eu achei o uso de chip e senha brilhantes. Os caixas dos bancos acham agora que não têm necessidade de olhar no seu cartão. Se eu quisesse, eu poderia fazer de conta que sou qualquer pessoa, porque ninguém nunca vai se dar ao trabalho de verificar."

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.