A economia da China teve uma forte desaceleração nos dois primeiros meses do ano em três indicadores importantes. Crescimento dos investimentos, vendas no varejo e produção industrial caíram para mínimas de vários anos, surpreendendo analistas e preocupando mercados, diante da possibilidade de uma desaceleração da economia naquele país.
O dado mais grave foi o de investimento em ativo fixo, importante motor da atividade econômica. O índice subiu 17,9% no primeiro bimestre de 2014, na comparação com o mesmo período do ano passado, menor nível em 11 anos. A expectativa do mercado era de alta de 19,4%. Já a produção industrial cresceu 8,6%, na mesma comparação, registrando pior desempenho desde abril de 2009, e decepcionando as projeções de aumento de 9,5%.
As vendas no varejo também registraram dados fracos. A alta bimestral foi de 11,8%, enquanto analistas esperavam aumento de 13,5%. Os dados mais fracos do que o esperado devem amplificar as preocupações dos investidores globais sobre o crescimento da segunda maior economia do mundo, e muito provavelmente alimentarão as especulações de que Pequim pode afrouxar as políticas em breve para impulsionar o crescimento. A agência de estatísticas divulgou dados combinados para janeiro e fevereiro em uma tentativa de reduzir as distorções vistas em números de apenas um mês devido ao feriado de Ano Novo Lunar.
Premiê chinês alerta sobre desaceleração
Pouco antes da divulgação dos dados, o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, concedeu entrevista, alertando que a economia enfrenta "desafios rigorosos" em 2014. Em entrevista à imprensa no último dia do Parlamento anual da China, Li indicou que Pequim vai tolerar uma expansão econômica mais lenta neste ano enquanto avança com reformas cujo objetivo é garantir um crescimento mais sustentável e de longo prazo.
- Uma tempestade está chegando - disse Gao Yuan, analista do Haitong Securities, enquanto Hao Zhou, economista do ANZ, disse que o "afrouxamento da política deve ser iminente".
Na entrevista cuidadosamente orquestrada em que perguntas tiveram que ser avaliadas antes, Li passou a maior parte do tempo discutindo a economia. Ao mesmo tempo em que admitiu que a economia enfrenta dificuldades, sugeriu que Pequim não deixará o crescimento desacelerar muito. O governo tem como meta uma expansão de 7,5% do PIB neste ano, após crescimento real de 7,7% em 2013.
- Acreditamos que temos a capacidade, e todas as condições, de garantir que o crescimento econômico permanecerá dentro de uma faixa razoável este ano - disse ele.



