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Na foto, Rafael Abreu e Luiz Henrique Garcia, sócios fundadores da fintech QuiteJá, no escritório da empresa em Curitiba. | QuiteJá/Divulgação
Na foto, Rafael Abreu e Luiz Henrique Garcia, sócios fundadores da fintech QuiteJá, no escritório da empresa em Curitiba.| Foto: QuiteJá/Divulgação

A fintech paranaense QuiteJá surgiu com uma missão difícil, mas necessária: simplificar a cobrança de dívidas por parte de bancos e instituições financeiras e, ao mesmo tempo, oferecer conforto, tranquilidade e flexibilidade para que o devedor possa sugerir seus próprios termos para limpar o nome. Com clientes como o Santander e bancos de montadoras, a empresa já conta com uma base de 3 milhões de CPFs. As fintechs são empresas inovadoras que atuam no setor financeiro, com novos produtos ou tecnologias.

Em 2017, a QuiteJá faturou R$ 365 mil e prevê para este ano atingir R$ 3 milhões — para 2019, a expectativa é de dobrar o resultado, alcançando R$ 6 milhões. Não é difícil entender os motivos por trás da projeção positiva. Estima-se que o Brasil tenha fechado setembro com 62,4 milhões de CPFs com algum tipo de restrição financeira, segundo dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). Este número equivale a cerca de 40,6% da população adulta do país. 

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“A nossa função não é a cobrança. Nós queremos servir de alternativa para o cliente, ser um canal amigável, que une as duas pontas: a necessidade e a capacidade de pagamento do consumidor à cobrança do banco. As pessoas querem pagar as suas dívidas, só que muitas vezes não são ouvidas ou são cobradas em um momento no qual não podem atender”, resume o advogado Luiz Henrique Garcia, sócio-fundador da QuiteJá.

Até a primeira quinzena de outubro deste ano, a empresa, que está há dois anos no mercado, havia firmado 215 mil contratos, com uma recuperação de crédito de R$ 32 milhões. O faturamento da empresa está relacionado ao êxito das negociações, remunerado pelo banco e não pelos devedores.

Ideia da QuiteJá surgiu da percepção desgaste entre bancos e devedores

De acordo com Garcia, que já atuava na área de recuperação do crédito, a ideia do negócio surgiu ao perceber o desgaste da relação entre os bancos e os devedores. “A cobrança era feita da mesma forma que há trinta anos”, resume. Houve a percepção de que as pessoas não queriam ser incomodadas em seu horário de trabalho, assim como se sentem mais confortáveis ao ver os números relativos à cobrança na tela do computador ou smartphone em um horário em que esteja dedicada a isso. 

Por meio da plataforma, o cliente é capaz de visualizar a composição da dívida, as sugestões de condições de pagamento, assim como fazer simulações. Conforme Rafael Abreu, também sócio-fundador da QuiteJá, o devedor pode alterar alguns dos critérios – taxa mensal, prazo de pagamento, entre outros – dentro de um padrão estabelecido pelo banco.

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“É preciso entender quanto uma pessoa pode pagar mensalmente para que possa quitar a dívida. Na plataforma, é possível fazer diversas simulações e escolher qual é a melhor. No entanto, trabalhamos dentro de algumas alçadas permitidas pelo banco, mas as pessoas físicas ou jurídicas podem negociar, ajustando os valores a sua realidade, sem burocracia, filas, telefonemas ou relações estressantes com atendentes”, explica Abreu. 

Em 95% dos casos, a proposta feita pelo devedor tem uma resposta da instituição financeira no mesmo minuto. “No mais tardar, no outro dia. Assim que o pagamento de entrada é efetuado, o nome dele estará limpo em até sete dias”, acrescenta.

Relação ganha-ganha

A proposta da QuiteJá se enquadra na famosa relação ganha-ganha – aquela que gera benefícios para todos os envolvidos. Enquanto as pessoas físicas e jurídicas limpam o seu nome, os bancos recuperam créditos e clientes para instituições financeiras. Além disso, o custo do serviço – que fica disponível 24 horas por dia – é inferior aos canais tradicionais de negociação, baseados nas ligações por telefone. 

A reportagem de Gazeta do Povo entrou em contato com o Banco Santander, que confirmou o uso da plataforma para a recuperação de crédito, mas não respondeu aos demais questionamentos. 

Regras recentes tornaram negociação de dívidas mais flexível

Desde agosto de 2017, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) estabeleceu uma nova normativa (018/2017), que sugere aos bancos novos caminhos e regras mais flexíveis para a negociação de dívidas. 

Entre as mudanças propostas, encontra-se o aumento de canais específicos para esse fim, justamente o serviço executado pela QuiteJá. Por se tratar de uma normativa, o documento tem mais peso de sugestão do que de lei. Veja algumas das considerações da Febraban:

- Os bancos devem comunicar aos clientes quais são os canais de negociação existentes; 

- Toda sugestão de negociação feita pelos clientes deve ser registrada;

- Os bancos devem oferecer melhores condições para a renegociação, assim como apresentarem demonstrativos da evolução da dívida; 

- O mesmo caminho deve ser sugerido aos clientes que ainda não estão endividados, mas correm risco de entrar no vermelho;

- A Febraban sugere que os inadimplentes com capacidade de pagamento reduzida (desemprego, divórcio, doença grave, morte ou eventos inesperados) tenham condições de tratamento especial, com ainda mais flexibilidade.

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Conheça os resultados da QuiteJá até a primeira quinzena de outubro.

- Quantidade de acordos: 215 mil

- Total recuperado: R$ 32 milhões

- Dívida média: R$ 2,5 mil

- Maior dívida quitada: R$ 208 mil

- Maior acordo: R$ 181,5 mil

- Atraso médio: 470 dias*

- Taxa de inadimplência: 10% 

*Tempo médio da dívida antes do acerto.

Fonte: QuiteJá.

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