Há 110 anos no segmento da construção civil, o Grupo Thá assistiu de camarote a algumas fortes crises de setor entre elas a que, na década de 90, derrubou a Encol, uma das maiores contrutoras do país na época. Sobreviver a tantos sobressaltos com alguns poucos arranhões, segundo o presidente da companhia, Francisco Paschoal, só foi possível graças à diversidade de negócios da companhia. A Thá atua em três frentes: como incorporadora (com projetos próprios), como imobiliária braço mais novo da empresa, especializado em vendas e como construtora.
"É com a incorporadora que temos a oportunidade de dar saltos maiores. Nessa área está o grande foco da empresa hoje", diz Paschoal. "Mas temos planos de crescer nos três segmentos." Nos próximos dois anos, o grupo pretende aumentar o faturamento, que em 2005 foi de R$ 80 milhões, em pelo menos 30% ao ano. Para isso, além de fortalecer a atuação no Paraná, a empresa está investindo em Santa Catarina, onde constrói atualmente dois condomínios fechados. "O custo do metro quadrado lá é, no mínimo, 50% mais alto do que aqui. O mercado paranaense está reprimido."
Terra Natal
Apesar do comportamento apático de seu mercado imobiliário, Curitiba não foi retirada da lista de apostas da companhia. Segundo Paschoal, o setor já sente uma melhora no desempenho no Paraná, com o nível de estoques de unidades à venda em queda. Ele prevê que os preços no estado reagirão e ficarão mais próximos aos praticados em Santa Catarina. "Também não estou convencido de que exploramos todos os segmentos no Paraná", completa.
Para o executivo, o principal motivo que para algumas construtoras do Paraná entrarem em dificuldades financeiras nos últimos anos foi uma "crise de entendimento". "Curitiba é uma cidade que cresce e muda muito rapidamente, uma região em plena transformação. Parte da crise se deu porque as empresas não entenderam essas mudanças", diz. "Nós também padecemos disso, mas não tão fortemente." O número de pessoas por residência na capital, por exemplo, é declinante e segue uma tendência vista em outras partes do mundo. "Essa percepção altera completamente o planejamento do tamanho dos novos apartamentos. As necessidades e vontades das pessoas mudam com o passar do tempo."
Parte da "culpa", no entanto, também pode ser atribuída à situação econômica. "A classe média no Brasil todo empobreceu. Foi preciso se adaptar à nova escala de demanda." Para Paschoal, o governo é o maior concorrente das construtoras. As altas taxas de juros prejudicam as empresas porque os investidores buscam aplicações no sistema financeiro, atraídos pelo rendimento dos juros, e deixam de lado o financiamento ao setor imobiliário.
Paschoal se mostra otimista com relação ao cenário econômico que a companhia vai enfrentar. "Hoje a oferta de financiamentos é mais abundante e as taxas de juros estão caindo." O executivo vê com bons olhos também a aprovação da MP do Bem.
"A medida começa a corrigir alguns problemas que perduravam desde o fim da correção monetária. São mudanças que resgatam a confiança das pessoas no segmento imobiliário." Uma das alterações mais importantes, segundo ele, foi a afetação patrimonial a MP obriga as incorporadoras a separar os recursos de cada empreendimento. "Essa medida restringe também o risco, o que é bom para todos. Fica mais fácil para os bancos financiarem e a garantia é maior para o cliente." (CS)



