O Comitê de Política Monetária (Copom) avalia que "permaneceram elevados os riscos" do cenário inflacionário desde a última reunião do grupo em abril. A avaliação consta da ata do encontro realizado na semana passada e que aumentou a taxa básica de juro (Selic) em 0,75 ponto porcentual, para 10,25% ao ano. De acordo com o documento, "a despeito da reversão de parcela substancial dos estímulos introduzidos durante a recente crise financeira internacional, desde a última reunião permaneceram elevados os riscos à concretização de um cenário inflacionário benigno, no qual a inflação seguiria consistente com a trajetória das metas".
Diante da necessidade de atenção no cenário interno e com os desdobramentos do quadro internacional, o documento afirma que "prevaleceu o entendimento entre os membros do Comitê de que competiria à política monetária agir de forma incisiva para evitar que a maior incerteza detectada em horizontes mais curtos se propague para horizontes mais longos", justificando, assim, a decisão de elevação da Selic para evitar que fosse perdido o controle da inflação.
Os membros do Copom entendem que os riscos para a trajetória da inflação se restringem, apenas, aos desenvolvimentos no cenário doméstico. O documento dá como exemplo o resultado da expansão da demanda doméstica "em contexto de virtual esgotamento da margem de ociosidade na utilização dos fatores de produção".
Diante da avaliação de que o risco inflacionário mora apenas na economia brasileira, os membros do Copom afirmam que há cada vez mais sinais de riscos à trajetória dos índices de preço. O texto cita "evidências do estreitamento do mercado de fatores vêm da aceleração dos ganhos reais de salários no passado recente em alguns segmentos e de maiores pressões de preços ao produtor".
O alerta do BC é que a evolução desses fatores pode, eventualmente, "exacerbar um quadro que já evidencia a presença de descompasso entre o crescimento da absorção doméstica e a capacidade de expansão da oferta". Além de lançar o alerta, o Copom destaca, com essa avaliação, que já existe o descompasso entre os ritmos de crescimento da demanda e da oferta.
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