Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Política econômica

Em busca de popularidade, ala política quer isenção maior no Imposto de Renda

Grupo não se satisfez com medidas de estímulo ao PIB anunciadas pela equipe econômica

 | Jane de Araújo/Agência Senado
(Foto: Jane de Araújo/Agência Senado)

A ala política do governo ainda não se satisfez com as medidas de estímulo ao Produto Interno Bruto (PIB) anunciadas pela equipe econômica. Ainda há uma preocupação de que a atividade demore a reagir em um governo que tem curto prazo. Diante disso, o Ministério da Fazenda vem sofrendo pressões para adotar ações a fim de ajudar o setor exportador — que sofre com a queda do dólar — e aliviar o bolso dos trabalhadores.

Uma das demandas é pelo aumento da alíquota do Reintegra (programa que dá aos exportadores créditos tributários pela venda de manufaturados no exterior) para 3%. Ela hoje é de 2%. Os empresários, com o apoio da ala política e do Ministério do Desenvolvimento, alegam que a desvalorização da moeda americana agrava problemas de competitividade que poderiam ser minimizados pela elevação do crédito tributário.

O dólar acumula uma queda de quase 6% este ano e, segundo analistas do mercado, tende a romper a barreira dos R$ 3, o que não acontece desde 2015. Segundo os especialistas, embora o Brasil ainda esteja em recessão, a expectativa de retomada econômica, queda de juros, reformas e nova repatriação vai permitir um fluxo ininterrupto de entrada de recursos no país.

Outra ideia defendida é o aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda (IR) das pessoas físicas, que hoje é de R$ 1.903,98. Num primeiro momento, a ideia era elevar esse valor para R$ 8 mil, algo que a Receita Federal rejeitou imediatamente. Mas ainda há um pedido para que o Fisco faça simulações sobre o impacto que o aumento da faixa para R$ 5 mil teria nos cofres públicos.

Na Fazenda, não há simpatia por nenhuma das duas medidas. Ambas significam abrir mão de receitas num momento em que a arrecadação está baqueada e que não há espaço para aumentos de impostos que compensem esses incentivos. No caso do Reintegra, há também a avaliação de que o câmbio é flutuante e que não se pode repetir o receituário adotado pela ex-presidente Dilma Rousseff para tentar resolver problemas de competitividade.

Além disso, lembram os técnicos, também há o risco de o Brasil enfrentar problemas junto à Organização Mundial do Comércio (OMC), pois outros países já buscaram a instituição para reclamar de medidas de proteção à indústria nacional. Lançado em 2011, o Reintegra custará quase R$ 10 bilhões aos cofres públicos entre 2016 e 2018.

No IR das pessoas físicas, o que a Receita aceita, por enquanto, é corrigir as faixas da tabela em um percentual de até 5% (como já foi previsto na proposta orçamentária). Tudo depende do comportamento da arrecadação no primeiro trimestre. Integrantes da equipe econômica já adiantaram, no entanto, que a medida deve valer a partir de abril e não será retroativa. A decisão de esperar o começo do acerto de contas com o Leão foi tomada justamente para deixar claro que não haverá correção para o ano de 2016 nem para o período entre janeiro e março de 2017. Isso reduz os custos do governo com o benefício.

Fontes próxima ao presidente Michel Temer garantem que ele apoia o que o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, decidir. No caso do câmbio, a tendência é que o dólar continue caindo à medida que as reformas da Previdência e trabalhista avancem no Congresso. Além disso, lembram esses interlocutores, não é possível abrir mão de receitas para dar benefícios tributários e correr o risco de prejudicar o resultado fiscal de 2017.

“O presidente sabe que não há coelho para tirar da cartola a curto prazo. O melhor caminho é criar condições para a queda das taxas de juros”, diz um conselheiro de Temer.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.