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O Ministério da Fazenda determinou nesta terça-feira que o Banco do Brasil (BB) instaure uma sindicância para investigar a possível quebra de sigilo do ex-diretor da instituição Allan Toledo. A decisão pretende resguardar o banco diante de notícias veiculadas nos jornais "Correio Braziliense" e "Folha de S.Paulo" sobre movimentação atípica nas contas de Toledo.

Segundo fontes da área econômica, essas notícias fariam parte de um movimento para desestabilizar a cúpula do BB, que tem como pano de fundo a disputa de poder envolvendo o presidente do banco, Aldemir Bendine, e o presidente da Previ, Ricardo Flores.

A queda de braço na cúpula do BB começou a preocupar fortemente o ministro da Fazenda, Guido Mantega. A avaliação, segundo interlocutores, é que a disputa de poder envolvendo a cúpula extrapolou os limites do banco, passou a envolver facções políticas dentro do PT e ganhou uma proporção que poderia eventualmente atingir o ministro.

O mais novo personagem da briga entre Bendine e Flores, Toledo, que é funcionário do BB com mais de 30 anos de casa, foi exonerado do cargo no fim do ano passado. Ele teve sua movimentação financeira divulgada na mídia em função de um pagamento de quase R$ 1 milhão recebido no ano passado. O ex-diretor teria sido afastado depois de diferenças com Bendine, com quem Mantega tem um bom relacionamento e avalia positivamente.

Possível reedição do caso Francenildo assusta

Por se tratar de um valor elevado, o pagamento já vinha sendo investigado internamente pelo BB, mas o assunto só veio à tona agora, depois que as tensões na cúpula do banco se agravaram. Por isso, interlocutores de Ricardo Flores começaram ontem a questionar se o vazamento dos dados de Toledo não teria sido feito pela turma de Bendine.

Segundo técnicos do governo, esses desdobramentos começaram a remeter Mantega à crise que acabou derrubando Antonio Palocci do Ministério da Fazenda em 2006. O então ministro foi obrigado a deixar o cargo depois de que dados bancários do caseiro Francenildo Costa, que fez denúncias contra Palocci, foram divulgados pela imprensa.

Na cúpula da Fazenda, acredita-se que Toledo apresentou explicações razoáveis para o fato de ter recebido uma quantia alta em sua conta, mas ainda assim decidiu-se abrir uma investigação interna do BB para que tudo seja esclarecido. Toledo alega que recebeu os recursos de uma madrinha, a aposentada Liu Mara Zerey, de quem é procurador.

O quadro agravou-se, segundo interlocutores de Mantega, porque agora se trata da suspeita de vazamento de dados do ex-diretor. Um fator que pesou para que se ache que existem pessoas de fora do BB envolvidas na briga é que a conta da aposentada, cuja movimentação também foi divulgada, não é do Banco do Brasil.

Fundo de pensão pode ganhar novo comando

Embora tenha algumas suspeitas, a Fazenda ainda não conseguiu dar nomes aos bois no tiroteio entre integrantes da cúpula do BB. Ou seja, ainda tenta identificar os responsáveis pelo vazamento de informações à imprensa, quem de fato está por trás da guerra aparente entre o grupo de Ricardo Flores e o grupo do Bendine. Chegou a surgir até mesmo uma terceira hipótese: de que as informações para inflamar a briga partiriam de pessoas ligadas ao antecessor de Bendine na presidência da instituição, Lima Neto.

Interlocutores de Flores enxergam o vice-presidente do BB Ricardo Oliveira como o articulador das intrigas. Com a guerra de denúncias, o grupo ligado ao diretor estaria tentando emplacar um novo comando tanto na Previ, como no próprio BB. Já a turma de Bendine acredita que a articulação vem de Flores para tentar derrubá-lo do cargo.

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