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| Foto: Henry Milléo/Gazeta do Povo/Arquivo

O auge da crise econômica pode ter passado, mas muitos empresários ainda contabilizam as perdas que se acumularam ano passado e fizeram muitos negócios iniciarem 2016 no vermelho. Divulgado semana passada pelo jornal “Valor Econômico”, o ranking Valor 1.000, que elenca as mil maiores empresas do país, mostra que o faturamento das grandes companhias paranaenses diminuiu o ritmo de crescimento em 2015 e ficou em 8,2%, abaixo da inflação do período, de 10,67% – em 2014, o aumento médio da receita havia sido de 15,6%.

Confira o desempenho das maiores empresas ante a inflação

O ranking do valor, divulgado há 16 anos em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) e Serasa Experian, traz como principal indicador a receita líquida das empresas. A própria presença das paranaenses na lista é outro dado que mostra o peso da crise no estado – o número de companhias do Paraná na relação baixou de 78 em 2013 para 65 ano passado (veja infográfico). Por outro lado, a fatia de empresas com retração na receita em relação ao ano anterior aumentou: em 2013, apenas 9% das paranaenses na lista viram o faturamento diminuir, porcentual que passou para 26% em 2015.

Retomada?

A expectativa de economistas é que os números negativos de 2015 mostrados pelo ranking Valor 1.000 não voltem a se repetir este ano – pelo menos não com a mesma intensidade. A mudança de governo com o impeachment e a retomada de alguns indicadores – como os índices de confiança dos empresários e consumidores, que já estão nos maiores níveis em mais de um ano – dão munição para os que esperam com ansiedade o fim da recessão. “A economia e a política são gêmeas bivitelinas, uma vive em função da outra. A mudança de governo gera expectativas positivas. As grandes empresas queimaram ano passado a gordura que tinham e agora é o momento da retomada”, afirma o economista Carlos Magno Bittencourt, da PUC-PR.

O encolhimento da receita, diga-se de passagem, não é exclusividade do Paraná. Descontada a inflação, o faturamento das mil companhias brasileiras do ranking registrou uma variação negativa de 2,8%, média similar à do Paraná – e o pior resultado para o país desde a retração de 5,2% em 2009, durante a crise internacional. Como de praxe, a diminuição da receita afetou diretamente o lucro e, na soma total das empresas, o prejuízo registrado foi de R$ 81,6 bilhões, o maior da história do levantamento.

“Os números preocupam. A deterioração dos indicadores reflete o cenário de estresse político e econômico que vivemos. Não me lembrava de tantos prejuízos e resultados negativos como os ocorridos em 2015”, afirma, na publicação do Valor, o especialista setorial da Serasa Experian, João Machado.

Ruim, mas nem tanto

Há quem, no entanto, prefira observar o “copo meio cheio” e avaliar o lado positivo dos números. O economista Carlos Magno Bittencourt, professor de Ciências Econômicas da Escola de Negócios da PUC-PR, lembra que também é preciso comparar o aumento do faturamento das paranaenses em 2015 com a evolução do PIB – que, neste caso, teve retração de quase 4% no ano passado. “Se o cenário econômico é recessivo e mesmo assim as empresas apresentaram na média uma evolução positiva, é uma ótima performance”, pondera.

Além disso, reforça Bittencourt, o ranking também volta a destacar a força de determinados setores na economia do estado. Em especial o agronegócio, atividade que tem 13 representantes na lista paranaense, a maioria cooperativas e todas com evolução na receita na casa de dois dígitos. As grandes do setor de alimentos e bebidas também driblaram a desaceleração, com oito companhias no ranking e faturamento crescendo entre 11% e 33%.

“Caçula” no mercado nacional, usina paranaense vê receita aumentar 40%

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Divulgação/Marcelo Krelling

Entre as maiores empresas paranaenses listadas no ranking Valor 1.000, houve quem passou longe da média de 8% de crescimento na receita – tanto para cima quanto para baixo. Enquanto 17 amargaram retração no faturamento no ano passado, outras 17 conquistaram um aumento na receita acima dos 20%.

No topo da lista está a Potencial Biodiesel, que faturou ano passado R$ 528,6 milhões, um valor 40% acima do registrado em 2014. A companhia opera há três anos uma usina de biodiesel na Lapa, Região Metropolitana de Curitiba, o que a faz ser a “caçula” deste mercado no país. A empresa pertence ao grupo petroquímico Potencial, que por sua vez desponta na segunda colocação do ranking de maior aumento na receita.

A Potencial Biodiesel atende distribuidoras de combustíveis nacionais por meio dos leilões bimestrais conduzidos pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Não por coincidência, o aumento na receita veio junto de uma expansão da capacidade de produção da usina – a unidade passou por obras de ampliação em 2015 e também neste ano, que aumentaram sua capacidade anual para 382 milhões de litros de biodiesel. O investimento total nas adequações deve ultrapassar os R$ 80 milhões.

“Essas ampliações fazem parte de nosso planejamento estratégico. O ramo de combustíveis é muito competitivo, com margens apertadas. A única forma de ganhar nesse mercado é produzindo em escala, e foi essa a nossa intenção”, afirma o diretor superintendente da empresa, Luiz José Meira.

A aposta na ampliação da produção foi reforçada com o novo marco regulatório do setor que prevê, ao longo dos próximos anos, a ampliação do porcentual de biodiesel no óleo diesel, que chegará aos 10% em 2019 –hoje a mistura é de 7%. “A tendência é que aumente a demanda, mas sabemos que não vamos atingir, neste ano, o mesmo resultado (aumento da receita) de 2016. Tivemos que parar a produção por mais de 30 dias para as obras de ampliação e nossa intenção é aumentar a produção gradativamente”, diz Meira.

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