
O setor metalmecânico, que vinha batendo recordes de produção e de venda em 2008, vai finalizar o ano com um grande número de empresas em férias coletivas e até com possibilidades de demissão. As montadoras, que estão com falta de peças por causa da paralisação das importações, estão dando folga para os funcionários por todo o Brasil. A General Motors abriu um programa de demissão voluntária (PDV) em São Paulo. Na Bosch, onde quase 60% da produção é destinada à exportação, a falta de pedidos da matriz, na Alemanha, pode provocar demissão de parte dos cerca de 5 mil funcionários.
O presidente do Sindimetal (que reúne as empresas do setor metal-mecânico), Roberto Karam, diz que os períodos de desaquecimento do setor que ocorreram anteriormente não foram tão fortes como o que pode vir a ocorrer, em decorrência da recessão global. No entanto, ele diz que há muitas saídas possíveis. "A crise atual, na essência, é pior que as antecessoras. Afetou muito os Estados Unidos e a Europa, e isso repercute aqui. Por outro lado, hoje temos condições mais favoráveis para sair da crise. Além de o país contar com uma economia mais sólida, os bancos centrais de todo o mundo e governos importantes estão agindo de forma coordenada", afirmou.
Um dos maiores sufocos que o setor automotivo já passou é bastante recente: foi do fim de 2002 até metade de 2004, principalmente por conta de um período longo de alta de juros, que inibiu o crescimento do Brasil e o consumo. "Talvez essa crise não tenha sido tão séria, mas foi muito difícil de sair", diz Karam.
A Interplast, empresa que fabrica itens de plástico para a indústria automotiva e os exporta para a Argentina, vem registrando queda no número de pedidos. Para o diretor administrativo Iverson Renato Antunes, isso não vai, necessariamente, prejudicar a empresa no médio prazo. "Se passarmos mais três meses assim teremos dificuldades, mas, por enquanto, mantendo o pé no chão e os custos em níveis reduzidos, podemos nos sustentar e passar pela crise sem problemas. Mas, caso apareçam oportunidades interessantes nesse momento, posso até aproveitar. Não acho que é o caso de se fechar completamente", diz.
Na Volvo, apesar das perspectivas de redução de vendas para o próximo ano, a sensação geral ainda é de otimismo. De acordo com o gerente de vendas da companhia, Bernardo Fedalto, os meses seguintes à maxidesvalorização do real, em 1999, foram o estopim para a pior fase da companhia, que há pouco mais de 30 anos fabrica caminhões na Cidade Industrial de Curitiba. Em 2009, mesmo com tantos sinais negativos, a montadora espera ter o segundo melhor ano da sua história, atrás apenas de 2008. Entre janeiro e setembro deste ano, a Volvo vendeu 7,7 mil veículos, alta de 37% em relação ao mesmo período de 2007.





