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Metalurgia TMT promete rescisão e plano de saúde

O metalúrgico Roberto Czuchraj Júnior, de 24 anos, trabalhava em uma serigrafia antes de assumir um posto na TMT, há 1 ano e 8 meses. Fez alguns cursos de capacitação oferecidos pelo Sindicato dos Metalúrgicos, mas agora, desempregado, não sabe se conseguirá se recolocar no mercado ocupando função semelhante. "Sinceramente gostaria de continuar trabalhando com metalurgia. Vou procurar alguma coisa nessa área, mas na verdade não podemos depender de apenas um setor. Tem é que atirar para todo o lado para ver se consigo algum trabalho", disse ele, que tem o ensino médio completo.

A TMT Mocoto se comprometeu a pagar toda a verba rescisória aos ex-funcionários, além de três meses de plano de saúde. O Sindicato dos Metalúrgicos vai realizar uma assembléia na segunda-feira cedo para referendar o acordo. Para Czuchraj Júnior, isto pode ajudar por alguns meses, mas ele precisa de outro emprego para ajudar no sustento da família. "Sou casado, com dois filhos. Minha mulher trabalha, mas perdemos 70% da nossa renda com a minha demissão", declarou. (RF)

O mercado de trabalho paranaense encolheu consideravelmente na última semana. Aproximadamente 1,5 mil pessoas que trabalhavam para três empresas – o banco HSBC, a metalúrgica TMT Motoco e o frigorífico Garantia – já estão nas ruas à procura de uma nova colocação.

As demissões no HSBC foram anunciadas nesta sexta-feira (13/4). Ao todo, 397 funcionários foram demitidos em todo o Brasil devido à reestruturação do negócio de aquisição de contas. O anúncio causou apreensão no Sindicato dos Bancários de Curitiba, que chegou a declarar que o corte poderia ser quase três vezes maior. No Paraná, onde trabalham cerca de 7 mil funcionários do HSBC, as demissões atingiram entre 80 e 100 pessoas.

De acordo com o diretor de Recursos Humanos do banco, João Rached, não haverá mais demissões. Segundo ele, alguns dos demitidos foram voluntários, que tinham intenção de sair do banco. Ele minimizou o corte, que representa menos de 2% do total de funcionários no Brasil – cerca de 28,5 mil. "Foi feito um alarme absurdo, porque as demissões representam um quarto do número de admissões dos últimos 12 meses. Nos últimos anos contratamos 4 mil pessoas, então o corte é um número bastante pequeno", declarou. Segundo ele, as demissões se concentraram nesta semana para evitar uma onda de especulações por parte dos sindicatos.

Segundo Rached, o corte atingiu trabalhadores de vários setores, e não apenas aqueles dos 30 centros de serviço do HSBC que foram fechados recentemente em todo o Brasil. O diretor dao Sindicato dos Bancários, Marco Aurélio Vargas Cruz, criticou a decisão, já que em reunião realizada no dia 4, em Curitiba, a direção do banco teria assegurado que não haveria demissões.

Paraná

As outras demissões no estado ocorreram em empresas que fecharam as portas e pararam de produzir. A primeira a anunciar o encerramento das atividades foi o Frigorífico Garantia, de Maringá, que demitiu 800 pessoas. A empresa, que já foi líder nacional na exportação de carnes para o Oriente Médio e para a Europa, vinha trabalhando com metade dos funcionários desde o ano passado. De acordo com o advogado Marcos Rodrigo de Oliveira, porta-voz do Garantia, a desvalorização do dólar e o embargo à carne brasileira por causa do anúncio de focos de febre aftosa prejudicaram o negócio.

As perspectivas para os desempregados do Garantia, no entanto, são boas. De acordo com o diretor social do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Alimentação de Maringá, Roberto de Jesus, outros frigoríficos e abatedouros da região estão contratando mão-de-obra. Entre os exemplos citados estão a Avícola Felipe, do grupo Mister Frango, em Paranavaí, e o Mercosul Frigorífico, que deve entrar em operação até o final de junho em Nova Londrina. A primeira empresa está contratando cerca de 200 pessoas. A segunda deve iniciar em breve as admissões, que devem ser de até 500 pessoas até o final do ano. Outra demissão em massa ocorreu nesta semana, com o encerramento das atividades da fábrica de motores TMT Motoco, de Campo Largo, Região Metropolitana de Curitiba. As perspectivas para os cerca de 680 desempregados da indústria não são tão animadoras. De acordo com o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Curitiba, Nelson Silva de Souza, apenas alguns deles devem conseguir emprego no mesmo setor em que atuavam. "A mão-de-obra é qualificada e está preparada, mas não estão ocorrendo contratações nas empresas da região de Curitiba", observou.

De acordo com o secretário de Planejamento de Campo Largo, Luiz Fernando Mazanek, algumas empresas do setor de cerâmica, que é o maior empregador da cidade, podem absorver parte dos demitidos da TMT. "Mas sabemos que não são todos que vão conseguir se manter na cidade, porque é difícil dar satisfação para 600 desempregados", disse.

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