
Seis indústrias da pecuária paranaense foram autorizadas a retomar as exportações para a Rússia. A liberação deve alavancar, em especial, a cadeia do frango. A expectativa é que o estado fique com US$ 200 milhões dos US$ 300 milhões extras projetados só para o segmento com a reaproximação comercial entre os dois países.
A estimativa é do presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Paraná (Sindiavipar), Domingos Martins, que se reuniu na última quarta-feira com representantes do setor. "Somos competitivos tanto em quantidade como em qualidade e devemos ficar com algo entre 60% e 70% dessa demanda a mais da Rússia, ajudando o mercado que está muito ajustado neste ano", aponta.
A Rússia anunciou que vai liberar 89 estabelecimentos agroindustriais brasileiros como exportadores para o seu mercado a partir de hoje. A iniciativa é parte da reação do governo russo às sanções impostas pelos Estados Unidos e pela União Europeia por causa da crise na Ucrânia. Serão autorizadas duas plantas de lácteos, quatro de carne suína, 27 de aves e 56 de carne bovina in natura.
Três das unidades liberadas à exportação no estado são destinadas à produção de carne de frango. As outras três concessões do serviço de vigilância sanitária do país beneficiaram indústrias de carne bovina, suína e produtos lácteos.
O presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, avalia que o Brasil possa ampliar em 150 mil toneladas as exportações para Moscou, ocupando a fatia de mercado norte-americana. Há expectativa também que o país seja escolhido como o fornecedor da cota europeia 40 mil toneladas. Em 2013, o Brasil embarcou 60 mil toneladas do produto à Rússia.
O secretário de Políticas Agrícolas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Seneri Paludo, afirmou que a abertura do mercado russo pode representar uma "revolução" para a indústria de carnes.
Suinocultura
A ABPA indica que a cadeia do frango tem "tranquilidade" para atender à demanda russa, mas a suinocultura não tem fôlego para abastecer o apetite imediato extra pelos leitões brasileiros. "Nossa oferta [de carne suína] é muito baixa e o ciclo para aumentar a produção é de dez meses", explica Turra.
O secretário-executivo do ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Daniel Godinho, avalia que é cedo para especular ganhos e que é preciso estudar a capacidade dos fornecedores para a nova demanda.



