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Os mercados emergentes se estabeleceram como os "melhores velocistas do mundo" na última década, disse a revista britânica "The Economist", em artigo intitulado "A Grande Desaceleração", publicado nesta sexta-feira (20). Segundo a publicação, no entanto, os velocistas começaram a "ofegar" e o "Brasil praticamente estagnou".

A revista faz um retrospecto do próspero momento vivido pelos emergentes: a China "mal notou" as séries crises que fizeram "derrapar" os Estados Unidos e depois a Europa. "Outras grandes nações desenvolvidas pausaram para respirar brevemente. Investidores apostaram pesado no crescimento rápido em mercados emergentes, enquanto líderes, de Pequim a Brasília, pregavam ao mundo as virtudes de seus modelos econômicos centrados no estado", disse "The Economist".

A crise, no entanto, apresentou uma nova realidade aos países em desenvolvimento. Na semana passada, lembrou o artigo, a China anunciou seu crescimento mais lento em três anos e a Índia registrou recentemente seu pior desempenho desde 2004.

Já nesta semana o Fundo Monetário Internacional (FMI) cortou drasticamente a previsão de crescimento de três dos quatro chamados Brics: apenas a Rússia foi poupada (e mesmo lá o crescimento é vulnerável à queda dos preços da energia), acrescentou a revista.

"A preocupação é justificada, pois o mundo emergente enfrenta dois riscos distintos: um período de desaceleração cíclica e uma erosão do crescimento a longo prazo. O primeiro deve ser razoavelmente fácil de lidar. O segundo não".

A revista lamenta que muitos países emergentes tenham interpretado a crise como uma razão para manter o papel do estado mais forte. "No Brasil, a grande companhia de petróleo controlada pelo Estado, a Petrobras, e os bancos controlados pelo Estado, tornaram-se apêndices da política do governo".

Segundo a revista, a influência sobre a economia é realmente útil durante uma crise, mas a longo prazo vai sufocar a concorrência, secar o capital do setor privado, deter o investimento estrangeiro e alimentar a corrupção.

O artigo defende que, quando a poeira baixar, os mercados emergentes ainda estarão crescendo mais rápido do que eles fizeram em 2003. Mas aconselha que, para alcançar a velocidade da última década, deve-se manter a "disciplina macroeconômica e retornar às reformas microeconômicas".

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