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Juliano (à dir,) e Ruy são sócios da Central Server, uma empresa de TI de Curitiba que está entre as que mais crescem do Brasil | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Juliano (à dir,) e Ruy são sócios da Central Server, uma empresa de TI de Curitiba que está entre as que mais crescem do Brasil| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

A meta do setor paranaense de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) é ousada: ser o principal polo produtor e exportador do segmento na América Latina até 2035. A missão, porém, é plausível. Há negócios paranaenses de TIC na lista das pequenas e médias empresas que mais crescem no Brasil desde 2007. Também já existem vários negócios locais com mais de dez anos de mercado e com base sólida de clientes. Alguns já exportam seus serviços para Estados Unidos, América Latina e Europa.

A consolidação do mercado paranaense de tecnologia da informação começou a partir de 2006, ano em que foram criados os primeiros Arranjos Produtivos Locais (APLs), organizações que reúnem diversos empresários de TIC para discutir o mercado. Em Curitiba, por exemplo, há reuniões mensais para falar sobre as novas tecnologias, para fomentar parcerias com instituições de ensino e para facilitar a compra de insumos.

Mão de obra qualificada ainda é desafio para o setor

O principal desafio do setor continua sendo mão de obra. “Conseguir criar capital humano que possa dar respostas e entregue valor diferenciado para o mercado é uma das principais demandas”, afirma Emerson Cechin, coordenador estadual do setor tecnologia da informação do Sebrae-PR.

A CINQ, desenvolvedora de software personalizado para clientes de grande porte, possui desde 1992 um programa próprio de trainee para preparar universitários e recém-formados. “Fomentamos treinamento, principalmente para novas tecnologias, como Internet das Coisas e Realidade Virtual”, diz o diretor Carlos Alberto Jayme.

Juliano Simões, sócio da Central Server, explica que as universidades já estão preparando bem os alunos para habilidades gerais, como desenvolvimento de software. A principal lacuna é em relação às novidades do mercado.

O caminho encontrado pela Horus Solutions, por exemplo, foi buscar capacitações junto aos seus fornecedores. “Temos um time de banco de dados capacitado pela Oracle”, exemplifica Vinicius Feltrin, diretor da empresa.

“A ideia é se fortalecer para enfrentar a concorrência. Já aconteceu de fecharmos parceria com o Sebrae para capacitação a um valor baixo, o que não seria possível sozinho”, explica Vinicius Feltrin, diretor da Horus Solutions, empresa de Curitiba que cresceu 72% entre 2013 e 2015 e que teve receita líquida de R$ 8,3 milhões no ano passado.

Passos largos

A organização dos empresários com a criação de APLs em nove cidades do estado surtiu efeito e alavancou o setor. Segundo dados do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), o setor de TI tem crescimento médio de 20% a 30% ao ano e ampliou em 75% o número de empregos nos últimos quatros anos, gerando 18,6 mil postos de trabalho em todo o estado até 2014, com salário médio de R$ 2.758.

A alta demanda por serviços de tecnologia da informação, independente do momento econômico, também explica a curva acentuada de crescimento. Projetos de TI são procurados tanto por quem busca reduzir custos e aumentar a eficiência do negócio quanto por aqueles que estão investindo em novas tecnologias.

“A TI era vista como despesa há 10 anos. Hoje, mudou. [As empresas] viram que o software ajuda a vender mais e a reduzir custos. Toda empresa precisa de TI para sobreviver”, afirma Sandro Molés, presidente da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação do Paraná (Assespro-PR).

A proposta de simplificar a vida dos clientes é bem vista pelo mercado. “Queremos ser vistos como peça fundamental, como uma extensão do negócio do cliente. Se a Central Server para, o cliente para”, afirma Juliano Simões, sócio fundador da Central Server, empresa de Curitiba que cresceu 34% entre 2013 e 2015 e que conta com 6 mil clientes, a grande maioria pequenos e médios negócios.

Prestar um serviço eficiente também conta pontos a favor. Nos últimos anos, parte das empresas procurou qualificar seus produtos e serviços para conseguir certificações de players importantes do mercado, como Gartner, IBM e Oracle. Os documentos ajudam a atrair clientes e são essenciais para entrar no mercado internacional.

E para não perder o ritmo de crescimento, as empresas estão acompanhando o lançamento de novas tecnologias para sair na frente. “As demandas continuam sendo enormes. Agora os sistemas estão sendo adaptados para smartphone. Daqui a pouco vão precisar de IoT (Internet das Coisas)”, explica Carlos Alberto Jayme, diretor da CINQ, desenvolvedora curitibana que faturou R$ 17 milhões em 2015 e que exporta desde 2003.

Crise econômica

A recessão econômica foi sentida pelo setor neste ano, mas isso não deve resultar em uma retração. Empresários consultados pela reportagem afirmam que vão manter o mesmo faturamento de 2015 ou conseguir crescer a taxas menores do que as registradas em anos anteriores. Em 2017, a Assespro-PR acredita que as receitas vão ficar estáveis e que a partir de 2018 haverá a retomada, principalmente com projetos de exportação sendo tirados do papel.

Esforços concentrados

Para conseguir ser o principal polo de TIC na América Latina até 2035, foi criado o Comitê de Governança de Tecnologia da Informação e Comunicações do Paraná. O objetivo é integrar as ações dos atores (empresas, instituições de ensino e fomento e governo) para que o setor possa continuar crescendo a passos largos. A primeira reunião do grupo aconteceu neste mês, na sede do Sebrae em Curitiba, para discutir o planejamento estratégico do comitê e para começar a desenhar os planos de ação. Ambos os documentos devem estar prontos até o fim do ano.

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