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O empresário David de Araújo é franqueado da +Fácil Asfaltos, em Foz do Iguaçu: pavimentação a frio para pequenas obras. | Marcos Labanca/Gazeta do Povo
O empresário David de Araújo é franqueado da +Fácil Asfaltos, em Foz do Iguaçu: pavimentação a frio para pequenas obras.| Foto: Marcos Labanca/Gazeta do Povo

O varejo vai onde o mercado está. E se ele estiver nas cidades de médio e pequeno porte, com até 150 mil habitantes, é lá que as empresas irão buscar clientes para sustentar seus planos de expansão. Atentos ao potencial desses novos mercados, marcas franqueadoras procuram investidores para ampliar suas operações, ao mesmo tempo em que o modelo franchising se apresenta como alternativa para expandir empresas que têm atuação ainda limitada às suas regiões geográficas.

Na avaliação de entidades ligadas ao empreendedorismo e ao franchising, o interior pode dar e receber mais. Pesquisa realizada pelo Sebrae Nacional em 2014 revela que apenas 25% das marcas franqueadoras ligadas à Associação Brasileira de Franchising ABF) têm origem em cidades do interior. A grande maioria – 75% – nasceu e está presente nas capitais.

O levantamento identificou o potencial de consumo fora das capitais e regiões metropolitanas: R$ 827 bilhões ao ano, o equivalente a 38% do total do consumo no país. “São dados que podem nortear expansões de marcas e negócios, em vias de mão dupla, com estímulo a novos franqueados e franqueadores”, observa a diretora da Regional Sul da ABF, Fabiana Estrela.

Apoio local

O Sebrae-PR lançou neste ano o projeto Franquias Paraná. Por meio de um edital, a entidade vai subsidiar a formatação de 15 negócios em franquias no estado. O programa inclui a formação em imersão do empreendedor nos conceitos de gestão e estratégia de franchising e a visita a uma feira internacional do setor. Foram inscritas 105 empresas. Até 25 de julho, o Sebrae finaliza a fase de diagnóstico e publica a relação das 15 escolhidas..

Para contribuir para a expansão desse modelo de negócio, Sebrae e ABF estabeleceram uma parceria para oferecer cursos de capacitação para investidores e empreendedores em 120 cidades brasileiras até 2016. O programa “Entendendo o Franchising” tem 8 horas de duração, é gratuito e deve atingir 25 mil pessoas em 337 aulas realizadas em 19 estados.

A proposta é esclarecer dúvidas sobre o modelo de franquia, da gestão aos custos de implantação, análise de oportunidades e aspectos legais. Até agora, em 57 turmas ministradas em 51 cidades, o número de alunos foi 15% maior do que o esperado, indicando um alto interesse do mercado na capacitação.

Vantagens

A concentração de renda, a baixa concorrência e os custos operacionais mais amigáveis são vantagens que os consultores apontam para a instalação de uma franquia em cidades menores. “Em um período de economia instável, o investidor busca minimizar riscos e o franchising tem essa característica, por ser um modelo já testado pela marca original. Em uma cidade com ambiente favorável, o risco é menor”, explica o consultor Osmar Dalquano Júnior, coordenador do setor de varejo do Sebrae-PR.

Entre os segmentos de maior potencial para investimentos no interior, Dalquano cita a área de serviços, como alimentação, higiene pessoal e beleza, além de formação profissional. “O mercado amadureceu muito nos últimos anos, com a própria evolução do modelo e a entrada de players internacionais no país. Isso mudou muitos parâmetros e conceitos do modelo que pode ser vantajoso para quem compra e para quem vende a franquia”, diz.

Franchising sob medida atende municípios pequenos

A proximidade com o cliente final e a operação reduzida na área de infraestrutura, ideal para obras de pequeno porte, estimularam a formatação da franquia da +Fácil Asfaltos, braço da usina Único Asfalto. “É um modelo dirigido a cidades do interior”, na avaliação do CEO das empresas, Jorge Coelho.

O executivo é dono de usinas de asfalto de grande porte e está há 12 anos no mercado. A queda do faturamento do negócio tradicional motivou a criação da franquia compacta, lançada em dezembro do ano passado. Hoje são cinco franqueados, todos em cidades de médio e pequeno porte, e outros 22 contratos em processo de implantação. “Temos mais de 500 interessados no modelo e 90% deles são do interior”, diz Coelho.

Estar em cidades menores coloca o franqueado em contato mais direto com a administração pública, um dos principais clientes da marca, pela facilidade, preço e prazo na execução de obras emergenciais e operações tapa-buracos com a aplicação de asfalto a frio.

Bom negócio

O empresário David Araújo de Carvalho é franqueado da marca em Foz do Iguaçu, onde mantém contratos com a prefeitura e amplia sua cartela de clientes nos trabalhos de recuperação de pátios, estacionamentos, postos de gasolina, entre outros. A média do faturamento mensal é de R$ 60 mil, só com a venda do produto.

Carvalho é dono de uma empresa de artefatos de cimento e a unidade do asfalto aumentou a cartela de produtos que oferece. “Tinha dificuldades em atender pequenas obras e o modelo supriu essa necessidade”, diz.

Cuidados básicos

O porte do município não pode ser o único critério para a instalação de um novo negócio. É preciso avaliar o potencial de consumo e a capacidade de faturamento para sustentar a operação no novo mercado, considerando a infinidade de segmentos disponíveis. Confira as orientações do consultor Marcus Rizzo, do grupo Rizzo Franchise, de São Paulo.

Compatibilidade

A expansão do negócio em cidades menores será menor do que a operação em grandes centros, o que gera impacto no faturamento. “Nem todos os negócios são compatíveis com a comunidade local”, observa

Concorrência

A presença da concorrência indica mercado mais dinâmico. A localização é importante: município com áreas de influência atraem consumidores regionais.

Experiência

O franqueador precisa ter operado o negócio em mercados menores e testado o modelo antes de vender. Os processos serão diferentes da operação nas capitais. Unidades próprias no interior ajudam a testar a experiência do franqueador. Fundamental falar com franqueados já em operação em mercados do mesmo porte.

Ponto

Shoppings novos, ainda em fase de maturação, exigem negociações cuidadosas, que protejam a operação iniciante, como exclusão da cobrança de luvas dos contratos, descontos em alugueis e taxas.

Suporte

Quanto mais distante da sede do franqueador, mais complicado será a logística para dar suporte à unidade, inclusive no apoio em marketing e comunicação, que pode ser negociada em níveis regionais.

Idiomas têm bom potencial

De acordo com dados do setor, cerca de 2,5% da população brasileira aprende um novo idioma em escolas especializadas. Nos países desenvolvidos, esse mercado chega a 7% da população. É com esse potencial de crescimento que marcas de escolas como a Park Idiomas estabelece planos de expansão concentrado em cidades de médio e pequeno porte. “É uma estratégia para aumentar a participação no mercado, pois exige investimentos iniciais menores para o empreendedor e evita territórios saturados como nos grandes centros”, diz o CEO da marca, Eduardo Pacheco.

A escola é dirigida ao público adulto e oferece método de ensino com enfoque em autoconfiança no aprendizado, que deve ser rápido e prazeroso. Entre 1996 e 2000, Pacheco estruturou a empresa, fundada em Uberlândia, interior de Minas Gerais. Hoje são 40 unidades, com projeção para mais 24 em 2015 e expectativa de crescimento de 18% sobre o faturamento de 2014, chegando a R$ 18 milhões.

Modelo enxuto

A rede Influx, fundada em Curitiba, tem 102 unidades franqueadas, a metade delas fora das capitais e regiões metropolitanas. Recentemente, para ampliar a competitividade da marca, formatou um modelo de negócio mais enxuto, com capacidade para até 250 alunos. Duas escolas já operam no formato Slim e outros três contratos estão em fase de implantação.

“O Slim serve para cidades pequenas ou para abrir mercado em centros maiores, em que os custos operacionais convencionais seriam muito altos. Depois de estabelecido, o franqueado muda de modelo e aumenta a escola”, explica o gerente de expansão da marca, Fábio Medeiros.

O investimento em cidades menores não precisa ser, necessariamente, em modelos de negócio compactos. Medeiros explica que o estudo de viabilidade é feito a partir do perfil do mercado e da concorrência, definindo a operação com melhor chance de sucesso.

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