
O número de pessoas ocupadas na indústria do Paraná caiu 5,9% em fevereiro frente ao mesmo mês de 2008, marcando uma sequência constante de resultados inferiores à média nacional (-4,2%) desde o início da crise econômica, em setembro. Esses dados da pesquisa de emprego e salário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) contrastam com a pesquisa de produção industrial, também do IBGE, na qual a situação se inverte nos últimos seis meses levantados, a atividade da indústria paranaense se manteve superior à média nacional.
A disparidade entre produção e manutenção de empregos na indústria pode ser explicada pela diferença metodológica enquanto a primeira contempla 14 atividades e é elaborada a partir de um painel específico de empresas (substituídas anualmente), a segunda é feita por amostragem e absorve 18 atividades. O coordenador do departamento econômico da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Maurílio Schmitt, se baseia na pesquisa do Cadastro Geral de Empregados e Desepregados (Caged), para afirmar que a indústria paranaense não está demitindo mais do que os demais estados.
Já o coordenador de conjuntura do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), Julio Suzuki, justifica a disparidade dos dados do IBGE de outra forma pela distribuição dos empregos por setores da indústria. De acordo com ele, as atividades que tiveram mais cortes são grandes empregadores de mão de obra, embora não sejam tão significativas na composição da renda industrial.
Setores
Das 18 atividades pesquisadas pelo IBGE, 13 apresentaram redução de pessoal ocupado. Os principais setores de retração foram o madeireiro (-25,5%), químico (-21,2%) e de vestuário (-18,3%), atividades que vêm apresentando quedas sucessivas na empregabilidade devido a fatores como câmbio e queda na demanda internacional.
Entre as cinco atividades que aumentaram o quadro de funcionários, ganham destaque os ramos de fumo e refino de petróleo e produção de álcool, com ampliações de 72,7% e 34,5%, respectivamente.
Enquanto as atividades relacionadas a metalurgia, máquinas e equipamentos elétricos em geral esteja sofrendo oscilações no emprego desde o início da crise, o setor de máquinas industriais que inclui colheitadeiras, outros implementos agrícolas e rodoviários está em queda livre, com baixa acumulada superior a 20%, considerando os últimos sete meses. Na avaliação do presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Paraná (Sindimetal), Roberto Karam, a oscilação se justifica pela diversidade de setores abrangidos, entre eles o automotivo e da construção civil. "As demissões da construção civil também têm ocorrido, mas em intensidade menor e com perspectiva de melhora a partir da redução de impostos", diz.
O aspecto mais perigoso do indicador de máquinas e equipamentos industriais, segundo Karam, é mostrar que as indústrias não estão se equipando para produzir. De acordo com ele, a ociosidade industrial está grande não apenas no Paraná, mas no país inteiro a capacidade instalada média está em 75%, ou seja, com um quarto da capacidade de produção inativa.
Remuneração
Ainda que a indústria de edição e impressão tenha sido a principal responsável pelo aumento da produção industrial do estado em fevereiro fato único no país , na pesquisa de emprego o setor de papel e gráfica demitiu 3% e cortou a folha de pagamento em 9,1%, comparando ao mesmo mês do ano anterior. No geral do estado, o IBGE verificou decréscimo real de 3% em fevereiro. No primeiro bimestre de 2009, o total das remunerações aos assalariados recuou 1,9%, mas no acumulado dos últimos doze meses houve aumento de 6,2%.



