
A indústria voltou a cortar vagas na passagem de outubro para novembro. A queda no pessoal ocupado no setor foi de 0,4%, a oitava taxa negativa consecutiva, informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número de trabalhadores na indústria já está 9,1% abaixo do pico registrado em julho de 2008.
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"Esse ano já vai ser o terceiro seguido de queda no emprego industrial. A última taxa positiva foi em 2011, quando o pessoal ocupado na indústria cresceu 1,0%. Desde então, só vem caindo e ainda acelerando o ritmo de queda", ressaltou Fernando Abritta, pesquisador da Coordenação de Indústria do IBGE.
Em 2012, a indústria cortou 1,4% das vagas. Em 2013, a queda no número de postos de trabalho foi de 1,9%. De janeiro a novembro de 2014, a retração acumulada no emprego industrial já está em 3,1%.
Os sucessivos cortes no pessoal ocupado na indústria, que acompanham a retração na produção, comprovam o cenário de crise no setor. "Nem o setor externo nem o setor interno têm contribuído para o desempenho da indústria. O cenário é de crise", disse o economista do IBGE.
Em novembro, o estado de São Paulo, principal parque industrial do país, fez um corte recorde de empregados. O pessoal ocupado diminuiu 6,1% em relação ao mesmo mês de 2013, a maior queda para a região dentro da série histórica da Pesquisa Industrial Mensal Emprego e Salário, iniciada em dezembro de 2001. "É uma queda bem disseminada, que atinge 16 das 18 atividades pesquisadas em São Paulo", disse Abritta.
A atividade de meios de transporte sentiu o peso das demissões nas montadoras. "Algumas montadoras tiveram PDV (programa de demissão voluntária), reduziram turnos, fizeram layoff. A produção de veículos em São Paulo recuou 15,5% em novembro de 2014 ante novembro de 2013", citou o economista do IBGE.
Corte generalizado
São Paulo responde por 35% de todo o emprego industrial do Brasil. A demissão de trabalhadores no estado teve a maior contribuição para o recuo de 4,7% no pessoal ocupado na indústria em território nacional em novembro ante o mesmo mês do ano anterior, o 38.º resultado negativo consecutivo. Mas todos os 14 locais pesquisados pelo IBGE registraram corte de vagas no período.



