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O emprego industrial teve o pior semestre desde dezembro de 2000, início da série histórica da pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A constatação vale tanto para a variável de pessoal ocupado assalariado quanto para a de total de horas pagas, que acumularam queda de 5,2% e 5,8% de janeiro a junho.

A pesquisa do IBGE também revela que a quantidade de pessoas empregadas em junho ficou 12,8% abaixo do pico histórico, registrado em julho de 2008.

“O cenário do mercado de trabalho permanece no campo negativo há algum tempo e com a magnitude das perdas se intensificando mês a mês. Isso não pode ser dissociado da trajetória descendente da produção industrial brasileira desde outubro de 2013”, diz o gerente da coordenação de indústria do IBGE, André Macedo.

Pior que em 2009

A situação do emprego industrial em 2015 é pior que na crise financeira global, avalia o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). A queda de 5,2% é mais severa do que a registrada no auge da crise de 2009. Naquele ano a atividade industrial doméstica encolhia e o emprego do setor recuou 4,8% nos seis primeiros meses do ano, destaca o instituto em análise da Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salário (PIMES).

Desde outubro de 2013 a produção industrial teve redução de 10,2%. Nesse mesmo período, o total do pessoal ocupado e do número de horas pagas também mostraram perdas: de -8,3% e de -8,8%, respectivamente. Para o técnico a queda acumulada de 6,3% da produção na indústria de janeiro a junho de 2015 sinaliza que não deve haver uma mudança significativa nesse quadro. O cenário, lembra, ainda é desfavorável com baixo nível de confiança do empresariado e das famílias, inflação pressionando a renda e a demanda doméstica, além do aperto no crédito.

Baixa disseminada

Tanto na comparação contra o mês de junho do ano passado, quanto no índice acumulado dos seis primeiros meses do ano as taxas negativas foram disseminadas pelos dezoito setores da indústria investigados pelo IBGE. No primeiro semestre as contribuições negativas mais relevantes vieram de meios de transporte (-9,9%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (-12,5%), produtos de metal (-10,2%).

Apesar do perfil disseminado de perdas, Macedo destaca que a queda mais importante do mercado de trabalho está concentrada na indústria automobilística. De acordo com Macedo, o emprego no segmento meios de transporte (quem têm a indústria automotiva como carro-chefe, além de motocicletas e indústria naval) apresentou queda pelo 19º mês consecutivo, tendo os últimos quatro meses registrado taxas negativas de dois dígitos. No acumulado do ano a queda é de 9,9%.

Acordo com montadoras terá impacto marginal

Em um primeiro momento, os acordos celebrados entre o Banco do Brasil, nesta quarta-feira (19), e a Caixa Econômica Federal, na terça-feira (18), com as principais associações do setor automotivo terão um impacto “marginal” sobre o mercado de trabalho, na avaliação do presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), Paulo Roberto Butori.

Apontados como saídas para limitar as demissões no setor, os acordos preveem apoio financeiro às empresas da cadeia automotiva, como juros mais baixos, diminuição do prazo de concessão dos financiamentos e alargamento do período de pagamentos. Não há nos contratos, porém, condicionantes como limite de demissões ou obrigatoriedade formal de manutenção do nível de emprego nas empresas que firmaram os convênios.

Na avaliação de Butori, os reflexos destas propostas no mercado de trabalho se darão no longo prazo, à medida que o crédito contribuir para a retomada da cadeia automotiva com aumento do número de pedidos, retomada da produção e, por consequência, maior necessidade de mão de obra.

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