
Embora continue sendo essencialmente uma empresa de energia, nos últimos anos a Copel vem intensificando suas atividades na área de telecomunicações. Por meio da subsidiária Copel Telecom, dona de uma rede de fibra ótica de quase 11 mil quilômetros, a empresa vem testando um serviço de internet banda larga via rede elétrica. Mas sua maior ambição tornar-se uma grande companhia de telefonia fixa ainda esbarra na burocracia. "Faz dois anos que pedimos autorização à Anatel [Agência Nacional de Telecomunicações]. Já deveria ter saído [a decisão da agência]. E sempre que os questionamos, dizem que o processo está na área técnica, ou em outra área. Estão achando várias áreas lá dentro", deduz o presidente da Copel, Rubens Ghilardi.
No fim de maio, o site especializado em telecomunicações Teletime publicou que a Anatel teria negado autorização à Copel, em razão de a companhia deter 45% do capital da Sercomtel, de Londrina. Como a Sercomtel já tem licença para operar em todo o estado, a Copel Telecom não poderia ter autorização própria. Ghilardi, no entanto, reitera que a agência ainda não deliberou sobre o assunto nenhuma decisão foi publicada no Diário Oficial , e que o fato de a companhia ser acionista da Sercomtel não seria um obstáculo.
"A participação na Sercomtel não deveria ser um impeditivo. Tanto que a Brasil Telecom e a Oi se juntaram", alega o executivo, que vê outras explicações para a morosidade da Anatel. "A concorrência é saudável. Quanto mais operadoras, melhor. O que pode haver é algum interesse privado de que a Copel não participe do mercado de telefonia fixa."
A estratégia da empresa é usar a mesma plataforma do serviço de internet banda larga ou seja, transmitir os sinais de voz, dados e imagem por fibra ótica até os transformadores de energia, de onde seguiriam por cabos elétricos até as residências, sendo então reconvertidos, por meio de um modem. Como a Copel já tem autorização para a exploração de internet, pretende oferecer o serviço em escala comercial assim que encerrar os testes que tem feito com 300 consumidores em Santo Antônio da Platina (Norte Pioneiro).
"Os testes devem durar de seis meses a um ano. E a intenção é usar essa mesma base para oferecer telefonia. Como já temos os cabos, os postes e estamos presentes em todo o estado, teríamos custos e tarifas muito competitivas. Evidentemente, poderíamos fazer um estrago muito grande, o que incomoda as empresas tradicionais de telefonia", diz Ghilardi. Segundo ele, a partir do momento em que sair a autorização da Anatel, a empresa pretende oferecer o serviço de telefonia em até um ano. "Não atenderemos todo o estado de imediato, embora tenhamos condições para isso. Vai depender da adesão de nossos atuais consumidores [de energia elétrica]." (FJ)



