Brasília e Rio de janeiro - A integração das atividades da Bertin e JBS Friboi poderá provocar uma concentração no mercado nacional de carne bovina em torno de 60%, segundo a avaliação de um especialista que já foi membro do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e preferiu não ter seu nome revelado.
De acordo com a fonte, a concentração será maior no estado do Mato Grosso do Sul, onde a nova empresa deve ficar com 80% do mercado local. Em Goiás e Mato Grosso a concentração também deve ser elevada, de 55% e 50%, respectivamente. "É preocupante", afirmou. Para ele, a JBS Friboi irá "sedimentar mercados relevantes e geográficos".
Na sua avaliação a concentração é muito elevada. "Acima de 20% de participação já acende uma luz amarela, 50% é uma concentração extremamente alta e 80%, na prática, é um monopólio", disse.
A linha de atuação dos órgãos de defesa da concorrência, neste caso, de acordo com a fonte, será a de determinar a venda de alguns frigoríficos, de forma pulverizada, nos estados onde houver uma maior concentração de mercado.
Ele acredita que esta proposta possa vir já por iniciativa da Secretaria de Direito Econômico (SDE) do Ministério da Justiça, e da Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae) do Ministério da Fazenda, por onde as análises do processo de fusão devem ser iniciadas. Após passar por estes órgãos, o processo terá que ser julgado pelo Cade.
O especialista observou ainda que há dois órgãos nos Estados Unidos que irão analisar a compra da Pilgrims Pride Corporation pela JBS Friboi do ponto de vista de concentração. Um é a Divisão Antitruste do Departamento de Justiça e outro é a Comissão Federal de Comércio.
Procurado pela reportagem, o Cade não quis se pronunciar oficialmente sobre a operação, por ainda não ter sido notificado. Na sessão que ocorreu ontem pela manhã, alguns conselheiros não tinham conhecimento do anúncio feito pela empresa.
Mato Grosso
A fusão preocupa os pecuaristas de Mato Grosso. Segundo cálculos da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), a nova empresa vai controlar 11 frigoríficos no estado, o correspondente a 28% das 39 unidades industriais existentes no estado.
Mário Cândia de Figueiredo, presidente da Acrimat, diz que, em função de terem plantas maiores, o Friboi e o Bertin vão responder por 50% da capacidade de abate de gado bovino em Mato Grosso. Ele defende a análise da fusão pelo Cade, "pois o monopólio não é salutar, porque fere o principio da livre concorrência".



