Se por um lado há desperdício de dinheiro por falta de investimentos em tecnologia, por outro há empresas se atualizando para melhorar seus resultados. Nos últimos três anos, a unidade de Curitiba da fabricante de eletrodomésticos Electrolux, por exemplo, conseguiu reduzir o tamanho do estoque em 33%. "Quanto menor o estoque, menor o custo que eu tenho para mantê-lo", comemora o gerente de Logística de Captação da Electrolux, Marcelo Felipe.
A redução foi possível graças à adoção do sistema Kanban de suprimento automático de matéria-prima, desenvolvido por japoneses. Pelo sistema, os fornecedores da fábrica são informados por meio de um portal de negócios na internet sobre a situação do estoque da Electrolux. Sem a necessidade de um pedido, o próprio fornecedor se encarrega de abastecer a fábrica ele decide o quanto vai entregar, e quando. "Ele tem que se manter entre o mínimo e o máximo, não pode deixar faltar, nem entregar demais. Mas ninguém precisa conversar com ninguém", conta o gerente.
Na palma da mão
A Spaipa, fabricante e distribuidor da Coca-Cola no Paraná e interior de São Paulo, também encontrou no investimento em conectividade uma maneira de aumentar seus lucros. Em 2001, os vendedores começaram a trabalhar com palmtops (computadores de mão) conectados a um celular. Com isso, no fim do dia eles transmitiam os pedidos para a fábrica, que tratava de checar o estoque e providenciar a entrega no dia seguinte. "Mas às vezes já era de madrugada e ainda estávamos organizando a frota para atender os clientes", conta o gerente de Tecnologia da Informação da Spaipa, Cláudio Fontes.
De lá pra cá, a tecnologia evoluiu, e os aparelhos foram substituídos por novos, com capacidade para transmitir dados, emails e fotografias, e que funcionam como telefone celular. "O vendedor transmite tudo da rua. Agora já conseguimos saber até determinado momento do dia qual deve ser o volume de entrega para o dia seguinte. Não é preciso mais esperar até a noite", explica Fontes.
Hoje os supermercados do centro de Curitiba já são abastecidos no mesmo dia em que fazem o pedido. Além disso, os vendedores não precisam mais ir todos os dias até a sede da Spaipa. "Eles têm mais tempo para dedicar ao cliente, e podem voltar mais cedo para casa também", afirma.
A Spaipa não divulga o valor investido na nova tecnologia foi preciso ainda desenvolver um software para implantar o sistema. Mas o gerente Cláudio Fontes garante que "não foi nada muito vultoso". O tempo ganho, segundo ele, foi traduzido em lucro maior. "Nós habilitamos nossa força comercial para dedicar-se a vendas de maior valor agregado".



