• Carregando...
 | Divulgação/
| Foto: Divulgação/

Visitante assíduo de parques e unidades de conservação Brasil afora, o professor curitibano Rodrigo Berté sempre se inquietou com o descarte irregular de dejetos humanos nesses locais. Para o PhD em Educação e Ciências Ambientais, a sujeira, por menor que fosse, era totalmente incompatível com a ideia de conservação.

LEIA MAIS sobre Energia e Sustentabilidade

Inconformado, Berté dedicou quatro anos ao estudo de uma solução sustentável prática, que resultou em uma miniestação de tratamento do esgoto movida a energia solar. A estrutura é simples e não utiliza produtos químicos. A placa solar gera energia suficiente para fazer girar duas colmeias feitas de um plástico. O movimento constante possibilita o tratamento biológico e a formação de bactérias que degradarão o material sólido e melhorarão a qualidade para o lançamento em rios, parques e florestas.

As duas colmeias que ficam girando para manter o tratamento biológico e a formação de bactérias que degradarão o material sólido. Divulgação

“É preciso criar um processo de oxigenação junto ao material, pois o oxigênio é o alimento para as bactérias que promovem a biodegradação do material. Na sequência, os dejetos podem ser depositados em qualquer lugar, pois atendem as demandas do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) para lançamento em corpos hídricos”, detalha o professor.

Aplicação

Embora tenha isso pensado inicialmente para ambientes de conservação, o sistema é bastante versátil. Segundo Berté, a estrutura pode tratar todo o esgoto doméstico de quatro residências com até 12 pessoas. Ou seja, a miniestação poder ser usada em casas e condomínios que ainda utilizam o modelo de fossa sumidouro, onde os dejetos são simplesmente depositados em um buraco, podendo contaminar o solo e a água. No total, a miniestação de tratamento custou cerca de R$ 7 mil.

“Todas as estações de tratamento usam energia elétrica para gerar oxigênio e tratar o esgoto. Com uma placa solar grande, de um metro quadrado, conseguimos criar um ambiente de tratamento que pode ser instalado em qualquer lugar que tenha luz solar”, afirma. Essa é uma grande vantagem, já que a tecnologia pode ser aplicada em locais e comunidades remotas, onde não há energia elétrica disponível ou, então, onde há dependência de geradores movidos a diesel, por exemplo.

Em teste

Há cerca de 30 dias, um protótipo da miniestação de tratamento de esgoto está em teste em uma unidade de conservação com 70 mil metros quadrados em São Francisco do Sul, no litoral de Santa Catarina. O local recebe anualmente mais de dois mil visitantes.

Segundo Berté, a miniestação é uma das soluções possíveis para o problema crônico de saneamento que temos no país – hoje, quase metade da população vive em locais sem rede de tratamento de esgoto.

“Meu objetivo era solucionar um problema. Por enquanto, não penso em vender a ideia e produzir a miniestação em escala. Quero aprimorar a tecnologia”, afirma Berté, que é diretor da Escola Superior de Saúde, Meio Ambiente, Sustentabilidade e Humanidades do Centro Universitário Internacional Uninter.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]